O Estado de S. Paulo

A morte de Neil Simon

Dramaturgo autor de ‘Um Estranho Casal’ morre aos 91 anos

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O dramaturgo e roteirista Neil Simon, rei das comédias da Broadway, criador de sucessos como Um Estranho Casal, Descalços no Parque e sua trilogia Brighton Beach Memoirs, morreu no domingo, 26, aos 91 anos. Segundo seu amigo de longa data Bill Evans, diretor da assessoria de imprensa da Organizaçã­o Shubert, Simon morreu no Hospital Presbiteri­ano de Nova York em decorrênci­a de complicaçõ­es de uma pneumonia

Na segunda metade do século 20, o nova-iorquino foi o dramaturgo mais bem-sucedido e prolífico do teatro americano, muitas vezes narrando questões e medos da classe média. Começando com O Bem-Amado, em 1961, e continuand­o no próximo século, ele raramente parou de trabalhar em nova peça ou musical.

O mundo do teatro rapidament­e começou a lamentar a perda. O ator e dramaturgo premiado com o Tony Harvey Fierstein, via Twitter, disse que Simon “poderia escrever uma piada que faria você rir, definir o personagem, a situação e até mesmo os problemas do mundo”.

O ator Matthew Broderick, que em 1983 estreou na Broadway em Brighton Beach Memoirs e no cinema em A Volta de Max Dugan, ambos de Simon, afirmou: “Devo-lhe uma carreira. O teatro perdeu um escritor brilhantem­ente engraçado, inacredita­velmente maravilhos­o. Perdi um mentor, uma figura paterna, uma profunda influência em minha vida e trabalho”.

Por sete meses, em 1967, Simon manteve quatro peças ao mesmo tempo na Broadway: Descalços no Parque, Um Estranho Casal, Sweet Charity e The Star-Spangled Girl.

Mesmo antes de iniciar sua carreira no teatro, ele fez história como um dos famosos escritores do comediante Sid César, ao lado de Woody Allen, Mel Brooks e Carl Reiner.

Simon recebeu quatro prêmios Tony, o Pulitzer, o Kennedy Center (1995), quatro Writers Guild of America e um American Comedy Awards Lifetime Achievemen­t. Também recebeu quatro indicações para o Oscar pelas adaptações para o cinema de suas peças Um Estranho Casal, Uma Dupla Desajustad­a, A Garota do Adeus e ainda Califórnia Suíte. Em 2006, ele ganhou o Mark Twain Prize para humor americano.

Em entrevista em 1997 ao The Washington Post, Simon refletiu sobre seu sucesso: “Sei que alcancei o auge. Não há mais dinheiro que alguém possa me pagar do que preciso. Não há prêmios que possam me dar que eu não tenha ganho. Não tenho motivos para escrever outra peça, exceto que estou vivo e gosto de fazê-lo”.

O Simon de óculos (descrito em uma revista do New York Times como parecendo um contador ou bibliotecá­rio que tinha apenas esse lado monótono) era um escritor e um redator implacávei­s. Seu trabalho, muitas vezes, se concentrav­a na vida urbana de classe média e vários de seus enredos foram retirados de sua própria experiênci­a pessoal. “Não escrevo peças sociais e políticas porque sempre achei que a família era o microcosmo do que acontece no mundo”, disse ele à The Paris Review, em 1992. Sobre sua trajetória, Simon a resumia assim: “De qualquer forma, a viagem foi maravilhos­a. Como George e Ira Gershwin disseram: Eles não podem tirar isso de mim".

Ele deixa a viúva, Elaine Joyce, 3 filhas, 3 netos e um bisneto.

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CHESTER HIGGINS JR./THE NEW YORK TIMES Simon. ‘Não escrevo peças sociais e políticas porque sempre achei que a família era o microcosmo do que acontece no mundo’

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