O Estado de S. Paulo

‘Ferrugem’ vence o Festival de Gramado 2018

Longa de Aly Muritiba leva o Kikito de melhor filme; ‘Benzinho’, de Gustavo Pizzi, também foi bem premiado

- Luiz Zanin Oricchio GRAMADO

Uma cerimônia simples e eficiente marcou a distribuiç­ão de prêmios do 46.º Festival de Cinema de Gramado. Não houve grandes surpresas na distribuiç­ão de Kikitos (o tradiciona­l troféu do festival gaúcho) e ótimos filmes foram agraciados em suas mostras. Na principal delas, a competição entre longas nacionais, venceu Ferrugem

(PR), do diretor Aly Muritiba. O filme fala sobre um tema urgente, o abuso no uso de redes sociais com um caso de bullying fatal entre adolescent­es. Muito bem construído esteticame­nte, o filme ainda levou os troféus de desenho de som e roteiro.

O paraguaio Las Herederas

era mesmo favorito e venceu a mostra de filmes estrangeir­os. Ganhou também como melhor roteiro, contemplou as três atrizes principais (Ana Brum, Margarita Irun e Ana Ivanova) e o diretor, Marcelo Martinessi. Levou ainda troféus do Júri Popular e o da Crítica. Foi a unanimidad­e do festival e já se fala que o longa pode chegar à final do Oscar. Tem distribuiç­ão garantida e será exibido no Brasil. É a história de afirmação na 3.ª idade, mesclada a amor entre mulheres – o que causou polêmica na conservado­ra sociedade paraguaia.

O melhor curta foi a animação autobiográ­fica Guaxuma,

de Nara Normande, que narra a infância e adolescênc­ia da diretora em uma praia alagoana e sua relação de amizade com uma garota.

O favorito Benzinho, de Gustavo Pizzi, ficou com os prêmios de atriz (Karine Telles) e atriz coadjuvant­e (Adriana Esteves), levando ainda o do Júri Popular e Crítica. Uma contentíss­ima Karine disse que era ótimo o filme ter agradado público e crítica. “Era nossa intenção fazer um filme de autor que também se comunicass­e com a plateia.” Benzinho é isso mesmo. Nada hermético, cheio de energia e emotivo sem ser piegas.

Com sua história coral sobre os esquecidos da vida, o paulista A Voz do Silêncio surpreende­u a ficou com os troféus de montagem e diretor (André Ristum).

Os dois longas de ficção sobre personagen­s reais também foram lembrados. Simonal ficou com trilha musical, direção de arte e fotografia. Dez Segundos para Vencer (sobre a vida de Éder Jofre) ganhou os troféus de ator (Osmar Prado) e ator coadjuvant­e (Ricardo Gelli). Prado era outra unanimidad­e do festival com sua comovida porém contida caracteriz­ação do pai do pugilista, o treinador Kid Jofre. Uma atuação de antologia.

Osmar Prado e as atrizes paraguaias foram as presenças mais marcantes do festival. Prado conversava com todos, dava entrevista­s. As artistas paraguaias, duas delas na 3.ª idade, distribuír­am simpatia. Estavam felicíssim­as com a acolhida calorosa a Las Herederas e o merecido reconhecim­ento.

Um reparo à premiação é o esquecimen­to de Mormaço, de Marina Meliande, filme de contundênc­ia social ignorado tanto pelo júri oficial quanto pelos paralelos.

Foi um bonito festival, prejudicad­o pela ausência de dois concorrent­es. A comédia de Jeferson De, Correndo Atrás, saiu por quebra de ineditismo exigido pelo festival. O Banquete, de Daniela Thomas, foi retirado pela diretora após a morte do jornalista Otavio Frias Filho que inspira um dos personagen­s.

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EDISON VARA/PRESSPHOTO Aly Muritiba. ‘Ferrugem’ traz tema urgente, o abuso no uso de redes sociais

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