O Estado de S. Paulo

‘Station 19’, uma aula sobre diversidad­e

Derivada de ‘Grey’s Anatomy’, série é obra da produtora Shonda Rhimes, que acaba de fechar contrato com a Netflix

- Mariane Morisawa ESPECIAL PARA O ESTADO LOS ANGELES

Shonda Rhimes pode estar se despedindo do canal americano ABC – ela fechou um contrato de US$ 150 milhões (cerca de R$ 586 milhões) com a Netflix, para a qual está desenvolve­ndo oito séries –, mas vai deixar raízes na antiga casa. Além de Grey’s Anatomy, que estreia em breve sua 15.ª temporada, e How to Get Away With Murder, na quinta, a superprodu­tora tem no ar Station 19, derivada de Grey’s Anatomy exibida no Brasil às segundas, às 21h, no Canal Sony, e For the People, sobre jovens numa das mais importante­s cortes americanas, ainda sem data de estreia no Brasil. “Já estamos na Netflix e continuamo­s na ABC”, explicou Rhimes em entrevista em Los Angeles. “Não é que vamos empacotar nossas coisas e ir para outro lugar. Temos cinco séries, estamos desenvolve­ndo outra. Estamos felizes. As nossas novas séries vão ser na Netflix. É como se dissessem que estou abandonand­o cinco filhos! Sempre vou ter um relacionam­ento com o antigo canal.”

Station 19, que tem Stacy McKee como show runner, foca numa estação de bombeiros a poucos quarteirõe­s do hospital Memorial Grey-Sloan de Grey’s Anatomy. Os fãs podem, portanto, esperar episódios com “crossover” (quando os personagen­s de uma série interagem com os de outra). Até porque um dos personagen­s de Grey’s foi simplesmen­te transplant­ado para Station 19: Ben Warren (Jason George), que já foi anestesist­a e cirurgião na série veterana, aqui vai ser aprendiz de bombeiro – e ele continua casado com a Dra. Miranda Bailey (Chandra Wilson).

Mas a protagonis­ta é Andy Herrera (Jaina Lee Ortiz), filha do atual comandante da estação, Pruitt Herrera (Miguel Sandoval), que deseja ser a nova capitã – mas vai enfrentar a concorrênc­ia de seu “rolo”, Jack Gibson (Grey Damon). “Sinto muita honra”, disse Jaina Lee Ortiz. “Minha personagem é forte, inteligent­e e bem-sucedida. Ela só se preocupa em conquistar seu espaço, chegar ao topo, que não tem medo de dizer o que pensa nem de pedir o que quer. Ela me inspira, e espero que inspire outras mulheres que assistam à série.”

Como sempre no caso da Shondaland, há muitas personagen­s femininas – além de Andy, Maya (Danielle Savre) e Victoria (Barrett Doss). “É verdade que tradiciona­lmente não há muitas bombeiras, mas nossas série têm três”, disse McKee com convicção. Também não faltam atores de todas as cores: Jaina Lee Ortiz e Miguel Sandoval são de origem latina, Barrett Doss, Jason George e Okieriete Onaodowan (que faz Dean Miller) são negros, Jay Hayden (no papel de Travis Montgomery) é meio coreano, meio irlandês, e Grey Damon e Danielle Savre são brancos. O policial Ryan Tanner (Alberto Frezza), vizinho de Andy e outro interesse romântico (ou pelo menos sexual), fecha o elenco principal.

Ninguém admitiu ter saído procurando uma atriz latina para ser sua protagonis­ta. “Como Shonda, busco a pessoa mais perfeita para fazer um papel”, disse McKee. “Nosso elenco representa o mundo em que vivemos, e essa é uma prioridade para mim e para a Shondaland.” A própria Shonda Rhimes negou seguir uma tabela para ter diversidad­e em seus elencos – e aproveitou para alfinetar colegas que não conseguem ou precisam se esforçar para fazer isso. “Talvez para outras pessoas e outras séries possa ser difícil porque eles não viveram o mundo como pessoas não brancas. Para mim não é difícil, nem algo que precise ter como objetivo. Olho em volta e vejo muita gente diferente. Para mim, é algo normal. Acho que o que os outros fazem é que é um pouco anormal.”

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MITCH HAASETH/ABC Bombeiros. Chefe poderosa à frente da corporação

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