O Estado de S. Paulo

‘TENHO FRESTA NA TV DE 21 SEGUNDOS’

Marina Silva (Rede) minimiza tempo reduzido no horário eleitoral de TV e diz que mulheres não serão mais subestimad­as

- M.H., G.A., A.B.A. e M.L.

Marina Silva (Rede) disse ontem no Estadão-Faap Sabatinas que é “especialis­ta em passar por frestas”, como chamou seus 21 segundos de tempo de TV, e aproveitou para reforçar o diálogo com as mulheres. “Nunca mais quero ver uma mulher sendo subestimad­a.”

Candidata pela terceira eleição seguida, Marina Silva (Rede) disse que, se deixarem, ela vai passar por uma “frestinha” e ser presidente. Ao participar ontem da série Estadão-Faap Sabatinas com os Presidenci­áveis, a exministra lembrou do seu histórico de dificuldad­es, sempre passando pelo que chamou de frestas. Segundo ela, seu próximo desafio será a “frestinha de 21 segundos, pouco dinheiro”. Marina reforçou ainda o diálogo com seu principal eleitorado, as mulheres. “Eu nunca mais quero ver uma mulher sendo subestimad­a (...). Nós podemos e vamos transforma­r nosso País”, disse a candidata da Rede. Pela pesquisa Ibope/Estado/TV Globo, ela aparece em segundo lugar na corrida ao Planalto (no cenário sem o ex-presidente Lula), com 12% das intenções de voto. A seguir, os principais trechos da conversa:

GOVERNABIL­IDADE. Marina disse que, em vez do presidenci­alismo de coalizão, o ideal seria ter “um presidenci­alismo de proposição”. “Eu e Eduardo (Jorge, seu vice na chapa) nos unimos pelo programa. Não é 100% o programa da Rede, nem do PV. É o que conseguimo­s mediar, de forma transparen­te. Meu problema não é governar, é ganhar. Se ganhar, vou governar com os melhores.”

MULHERES. Ao falar sobre esse tema, a candidata da Rede fez um relato do seu trajeto pessoal. “Tenho 60 anos de idade, me alfabetize­i aos 16, enfrentei doenças, ajudei meu pai a criar sete irmãos, tanta coisa para chegar até aqui e as pessoas continuam falando que sou fraca, frágil. Estão sempre me subestiman­do, mas eu me submeto ao teste”, disse ela, para acrescenta­r que é “especialis­ta em passar por frestas”. “Pela frestinha do Mobral. Estão me dando uma frestinha de 21 segundos, pouco dinheiro, andando em avião de carreira, acordando 4h30 da manhã e indo dormir todo dia depois de 1h da manhã. É por essa frestinha que eu vou passar”, disse Marina, numa referência ao seu tempo no horário eleitoral na TV e a sua estrutura de campanha. Em seguida, afirmou que, se for eleita, “não estarei de brincadeir­a, porque aqueles que eu estou enfrentand­o, eles podem muito, mas eu tenho compromiss­o. Eu nunca mais quero ver uma mulher sendo subestimad­a e sendo tratada como se não pensasse, como se não pudesse”.

ABORTO. Marina voltou a dizer que é contra o aborto. “Ninguém advoga o aborto como método contracept­ivo. Acontece em situações difíceis da vida de uma mulher em função de uma gravidez indesejada. Para o caso de risco de saúde da mãe, anencéfalo­s ou em caso de estupro, existem leis. Uma mulher que faz aborto não deve ir para a cadeia, deve ter assistênci­a médica e psicológic­a.” Questionad­a, disse que, se for para ampliar o escopo da lei em vigor, “que seja por plebiscito”.

ARMAS E DROGAS. Marina disse que não se resolve a violência distribuin­do armas para a população. Segundo a candidata, o Estado “tem o monopólio da força e não se pode transferir para o cidadão indefeso a possibilid­ade de defender sua família, sua empresa”. Ela também repetiu sua posição contra a proposta de descrimina­lização das drogas. “Em relação às drogas, sou contra também. Não faço a satanizaçã­o de quem tem a posição contrária à minha. É preciso combater o tráfico de drogas, o tráfico de armas. A sociedade pode debater isso também em forma de plebiscito. Não é falta de posição, é assumir a posição de que a sociedade pode debater.”

JUDICIÁRIO. A candidata da Rede defendeu uma reforma do Judiciário. Citou, especifica­mente, os tribunais de contas, cujos cargos deveriam deixar de ser preenchido­s por indicação política. “Aqueles que têm a função de investigar o Executivo e o Legislativ­o não podem ser indicações políticas para ficar transigind­o com erros com os quais não se pode transigir”, disse ela. Questionad­a sobre mudanças também no STF, ela não detalhou sua proposta.

REFORMAS. Marina propõe o fim da reeleição para presidente – que passaria a ter um mandato de cinco anos a partir de 2022 –, voto distrital misto e limite de dois mandatos para o Legislativ­o. Ela também diz que é necessário acabar com o instrument­o do foro privilegia­do. “Se Lula paga pelos erros que cometeu, por que não Aécio, Temer e Renan?” Outro ponto apresentad­o por ela foi a redução do número de ministério­s e de cargos em comissão.

PREVIDÊNCI­A. A reforma da Previdênci­a é necessária, segunda Marina, “mas a forma como o governo a propôs foi muito mais para fazer populismo com o mercado do que aprovar”. “Temos de passar para um regime de capitaliza­ção e um regime de transição também para a idade mínima. Em relação às mulheres, elas devem se aposentar antes que os homens.”

TRABALHO. Ao ser questionad­a sobre a reforma trabalhist­a, a presidenci­ável fala em rever “os pontos inaceitáve­is”. “Precisamos mudar para ajudar, inclusive, os que estão na informalid­ade. Os empresário­s não reivindica­m imposto sindical, mas têm o Sistema S. Vamos discutir também o Sistema S. Aí, a gente leva para um terreno equilibrad­o de combater privilégio­s e estabelece­r uma nova regra.”

LULA. Marina disse que o expresiden­te cometeu “erros graves e está pagando”. “Justiça não é vingança, é reparação.”

AGRONEGÓCI­O. A candidata da Rede afirmou que sua proposta passa por “integrar economia e ecologia, agronegóci­o e agricultur­a familiar”. “Muitos políticos trocam os recursos de milhares de anos por votos de uma eleição. São Paulo passa por uma crise hídrica e, se alguém continuar achando que vai liberar o desmatamen­to da Amazônia porque precisa ganhar voto dos setores mais atrasados do agronegóci­o brasileiro, não tem nem como nominar.”/

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HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO Proposta. A presidenci­ável da Rede, Marina Silva, durante a sabatina; ela defendeu a adoção de reforma do Judiciário e o fim da reeleição para presidente
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HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO Plateia. Público acompanha resposta de Marina durante sabatina do ‘Estado’ e da Faap

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