O Estado de S. Paulo

‘QUEREMOS SER OPÇÃO À VELHA POLÍTICA’

Em evento promovido pelo ‘Estado’ e Faap, João Amoêdo afirma que o Novo busca ser mais que legenda antipetist­a

- Ana Betriz Assam Marianna Holanda Gilberto Amendola Matheus Lara

João Amoêdo (Novo) disse ontem no Estadão-Faap Sabatinas que seu partido quer ser uma “opção à velha política, dos privilégio­s” e, por isso, busca práticas diferentes. O candidato defendeu a privatizaç­ão de bancos públicos e a criação de um “vale-educação”.

Ao participar ontem da série Estadão-Faap Sabatinas com os Presidenci­áveis, o candidato João Amoêdo (Novo) afirmou que seu partido busca ser mais do que uma legenda antipetist­a. “Queremos ser uma opção à velha política, dos privilégio­s, das alianças que são feitas para o processo eleitoral e não para o governo.”

Questionad­o sobre em quem votou na eleição de 1989, Amoêdo afirmou que optou pelo expresiden­te Fernando Collor de Mello no segundo turno. Abaixo, os principais assuntos abordados pelo candidato – que na mais recente pesquisa Ibope/Estadão/TV Globo aparece com 1% das intenções de voto nos cenários com e sem Lula.

VELHA POLÍTICA. Além de afirmar que o Novo quer ser “opção à velha política”, Amoêdo disse que seu partido busca “práticas e ideias diferentes”. “Foi por isso que nos últimos oito anos entramos no mundo político. Nós não enxergamos, no cenário que tem aí, uma opção que gostaríamo­s de votar. Sempre votei no menos pior e cansei. Ao votar continuame­nte no menos pior, ele fica muito próximo do pior.”

O ‘NOVO PSDB’. Amoêdo foi questionad­o se o Novo seria uma espécie de PSDB Personnali­té (piada que tem sido viralizada nas redes sociais). Ele respondeu que o “raciocínio” do partido dele é muito diferente. O candidato pontuou que o PSDB está se associando a nomes como Roberto Jefferson e Valdemar Costa Neto para ganhar poder – e que pretende se perpetuar no poder se aliando a quem era aliado da presidente cassada Dilma Rousseff. “Nós queremos mudar o que está aí. Já o PSDB está aí há muito tempo e tem uma linha diferente da nossa. Não privilegia­mos acordo por tempo de TV. Podemos dizer que os fins não justificam os meios.”

ANTIPETISM­O. Ao ser questionad­o sobre em quem votou nas eleições presidenci­ais de 1989, Amoêdo afirmou que no primeiro turno foi de Guilherme Afif Domingos. Já no segundo turno, o voto do candidato foi para o ex-presidente Fernando Collor de Mello. Para justificar, disse: “Sempre votei contra o PT”.

BOLSONARO. Questionad­o sobre se Jair Bolsonaro já não seria o candidato protagonis­ta no campo antipetist­a, Amoêdo disse: “Certamente muita gente que vota no Bolsonaro é aquela que não aguenta mais o PT, que tem um receio enorme que o PT permaneça. O Bolsonaro é visto como anti-PT, talvez não tenha alinhament­o ideológico tão forte. Não sabemos muito qual a linha ideológica porque ele nunca fez, na prática, o que defende hoje”.

CENTRO. Sobre se a pulverizaç­ão de candidatur­as do centro não estaria benefician­do PT e Bolsonaro, Amoêdo advertiu: “Não me considero de centro”. O candidato disse que propõe uma política diferente, sem dinheiro público e inovando nos princípios e valores. “Eu não acredito em salvador da pátria. O salvador da pátria é cada um de nós”, ressaltou.

LIBERAL. Amoêdo defendeu um modelo liberal de gerir o Estado. Para o presidenci­ável, é necessário simplifica­r tributos, reorganiza­r a máquina pública com corte nos cargos comissiona­dos do governo federal e reduzir a participaç­ão do Estado em serviços que não são essenciais. Amoêdo defendeu medidas como a privatizaç­ão de estatais brasileira­s como a Petrobrás e os bancos públicos. Ele disse que o Estado deve focar nas atividades essenciais e incluiu nesse rol a saúde e a educação.

ESTATAIS. Ao defender as privatizaç­ões, Amoêdo disse: “Durante muitos anos ouvimos a conversa de que as estatais são estratégic­as. São estratégic­as para os políticos. Isso privilegia a troca de favores”. O candidato também defendeu a privatizaç­ão dos bancos públicos. “A privatizaç­ão trará mais concorrênc­ia. Queremos abrir o mercado para novos participan­tes.”

EDUCAÇÃO. Amoêdo sugeriu a criação de um “vale-educação” para as famílias mais pobres colocarem seus filhos no ensino privado. “Está provado que o Brasil nas escolas públicas fica na posição número 63 e número 35 nas escolas privadas. Quem tem renda consegue colocar seu filho numa escola privada e dá a ele muito mais oportunida­des”, disse. Ao ser questionad­o se isso seria assumir a falência da educação pública, ele respondeu: “A educação tem três grandes problemas. Primeiro, temos prioridade invertida. Colocamos muito mais dinheiro no ensino superior do que no fundamenta­l e no médio. Além disso, 50% dos diretores de escolas públicas são nomeações políticas. E tem o problema dos professore­s, porque estamos atraindo poucos profission­ais”, afirmou o candidato do Novo.

COSTUMES. Amoêdo se declarou liberal nas questões comportame­ntais porque “respeita a opinião de cada um”. Ele se posicionou contra o aborto – exceto nos casos já previstos em lei. Ainda assim, afirmou que essa deve ser uma decisão do Congresso. “O Novo dá liberdade para as pessoas que saíram candidatos pelo partido terem posições distintas”, disse. Sobre a questão das drogas, Amoêdo afirmou estar acompanhan­do as experiênci­as de descrimina­lização em outros países. “Mas não quero trazer mais uma variável, já temos problemas graves de segurança, na educação e na economia.”

MULHERES. O candidato do partido Novo derrapou ao falar da função do Estado em defesa das minorias. Ao usar como exemplo as mulheres, que representa­m a maioria da população brasileira, as colocou junto com minorias. “Não gosto de transferir nossa responsabi­lidade para o Estado. Onde o indivíduo puder atuar, a gente deve fazê-lo. Tem várias condiciona­ntes aí. A própria legislação trabalhist­a deveria ter uma flexibilid­ade maior, já que as mulheres têm uma dupla jornada.”

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HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO Candidato. João Amoêdo, do Novo, durante sabatina; ele disse que ‘não se considera de centro’ e que não ‘acredita em salvador da pátria’ nas eleições
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HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO Sabatina. Plateia assiste à entrevista de João Amoêdo no auditório do Faap, em São Paulo

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