Bolsonaro ataca o Supremo
Presidenciável afirma que, como deputado, é ‘inviolável por qualquer opinião’; Corte inicia análise de ação que pode torná-lo réu por racismo
No dia em que o STF começou a analisar ação que pode torná-lo réu por racismo, Jair Bolsonaro (PSL) disse que a Corte tem de “respeitar” o povo e que, como deputado, é “inviolável por qualquer opinião”.
No dia em que o Supremo Tribunal Federal iniciou a análise da ação que pode tornar Jair Bolsonaro (PSL) réu por crime de racismo, o presidenciável afirmou que a Corte tem de “respeitar” o povo brasileiro. Em uma agenda de campanha no Rio, Bolsonaro disse que, na condição de deputado, é “inviolável por qualquer opinião”.
“Quero mandar um recado para o STF: respeite o artigo 53 da Constituição que diz que eu, como deputado, sou inviolável por qualquer opinião. E ponto final, p...(sic)”, disse o candidato em visita à Central de Abastecimento do Rio de Janeiro (Ceasa) da capital fluminense.
O candidato também criticou a discussão na Corte sobre a descriminalização do aborto em gestação até a 12.ª semana. “A missão do STF não é fazer leis. Eles querem agora legalizar o aborto. Não é atribuição deles e ponto final. Eles têm que ser respeitados? Têm. Mas têm que se dar ao respeito também. Não é porque a Câmara não decide que eles devem legislar. Respeito o STF, mas eles têm que respeitar o povo brasileiro”, afirmou.
Bolsonaro também fez referência às religiões dos ministros do Supremo. Segundo ele, não há nenhum ministro do STF que se diga cristão. “Nós somos 90% cristãos. Por que não temos nenhum lá dentro (do STF)? Porque, de acordo com indicação política, o PT botou oito. O PT botou gente (no STF) que interessa ao seu projeto de poder”, afirmou.
O candidato acrescentou que os ministros do Supremo estão “na iminência de interpretar a perda de liberdade após condenação em segunda instância”. Segundo ele, uma suposta aprovação poria “todo mundo pra fora”. “É um estímulo para a corrupção”, emendou.
Questionado por eleitores, em meio à entrevista à imprensa, sobre qual a sua proposta para o STF, Bolsonaro disse ser contra a realização de concurso público para nomeação de ministros, mas disse que aceitaria esse modelo “se fosse para todos os 11, começando do zero”. “Do modo que está, vão ter três indicações no futuro. Vocês sabem o perfil que indicarei. Vamos tentar buscar equilibrar o jogo”, argumentou.
Julgamento. A Primeira Turma do Supremo iniciou ontem a análise de uma denúncia contra Bolsonaro pelo crime de racismo, mas o julgamento foi interrompido por um pedido de vista do ministro Alexandre de Moraes, quando o placar estava em 2 a 2 (mais informações nesta página). Se a denúncia for acatada, o inquérito será transformado em ação penal e Bolsonaro passará à condição de réu, mas não há previsão que ela seja analisada antes da eleição.
“Quero mandar um recado para o STF: respeite o artigo 53 da Constituição que diz que eu, como deputado, sou inviolável por qualquer opinião. E ponto final, p...(sic).” Jair Bolsonaro
CANDIDATO À PRESIDÊNCIA
DA REPÚBLICA PELO PSL