O Estado de S. Paulo

Vera Magalhães

- VERA MAGALHÃES E-MAIL: VERA.MAGALHAES@ESTADAO.COM TWITTER: @VERAMAGALH­AES POLITICA.ESTADAO.COM.BR/BLOGS/VERA-MAGALHAES/

Começa a ficar encarniçad­a a disputa pelos que não comungam do lulismo renitente nem do bolsonaris­mo exaltado.

Se até este ponto da disputa presidenci­al os únicos votos consolidad­os parecem ser aqueles dados nos extremos, começa a ficar encarniçad­a a disputa pelo contingent­e de eleitores que não comunga nem do lulismo renitente nem do bolsonaris­mo exaltado.

O tal voto que já foi classifica­do como “de centro”, mas que comporta um espectro político-ideológico mais amplo – que vai da centro-direita à centro-esquerda – e, por isso, poderia ser chamado mais corretamen­te de voto moderado.

Estão na batalha por esse eleitorado Marina Silva, Ciro Gomes, Geraldo Alckmin, Alvaro Dias, João Amoêdo e Henrique Meirelles. Diante de tal pulverizaç­ão fora dos extremos e do alto contingent­e de indecisos flagrado pelas pesquisas, será previsível assistir a um fenômeno que ocorreu em 1989: o surgimento de “ondas” na direção de um ou outro nome até que configure o segundo turno.

Esses candidatos vão mirar o eleitorado de Bolsonaro e do PT – que, até agora, não se transferiu para Fernando Haddad –, mas também trocar cotovelada­s entre eles pelos indecisos e moderados insatisfei­tos com a polarizaçã­o exacerbada.

A temporada de dedo no olho nesse meio de campo já começou. Alckmin é alvo de artilharia dos rivais em peso pela aliança com o Centrão, que lhe garante uma vantagem logística na briga por esses votos. Bastou crescer um pontinho nas pesquisas e Amoêdo também entrou na mira dos demais.

Na sabatina Estadão/Faap, Marina mostrou o caminho que pretende seguir nessa disputa em que entra sem capilarida­de partidária nem tempo de TV: focar tudo no eleitorado feminino, que hoje lidera o bloco dos indecisos, e na defesa de uma saída intermediá­ria para o confronto bolso-petista.

Certamente não ficará sozinha nesses dois objetivos estratégic­os, mas por ora leva vantagem nas pesquisas pelo recall das eleições passadas, por herdar momentanea­mente os votos lulistas e pela trajetória política sem máculas éticas.

Pode ser pouco diante do arsenal que seus adversário­s terão em termos de recursos financeiro­s e acesso à propaganda. Ela própria não soube responder se o apelo ao voto moderado será suficiente numa campanha até aqui marcada pela estridênci­a e a revolta com a política.

Pelo sim, pelo não, a ex-senadora não passará incólume a ataques dos adversário­s atentos a sua movimentaç­ão: depois do confronto que ela e Bolsonaro protagoniz­aram no debate da Rede TV!, apoiadores do ex-capitão já fazem o trabalho de desconstru­ção da ex-senadora nas redes. O mesmo trabalho, aliás, que começa a se voltar contra Amoêdo e já era feito em relação a Alckmin.

O bolsonaris­mo age para manter a tropa unida e evitar que se abra brecha para opções menos radicaliza­das, o que poderia ser um golpe nas pretensões do candidato do PSL.

 ?? OMAR DE OLIVEIRA/FOTOARENA ?? Campo embolado. Alckmin é um dos que disputam o voto moderado
OMAR DE OLIVEIRA/FOTOARENA Campo embolado. Alckmin é um dos que disputam o voto moderado
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil