O Estado de S. Paulo

Moraes pede vista sobre caso de racismo

- Rafael Moraes Moura Amanda Pupo / BRASÍLIA

Um pedido de vista do ministro Alexandre de Moraes suspendeu ontem o julgamento da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal sobre o recebiment­o ou não de uma denúncia apresentad­a pela Procurador­ia-Geral da República contra o candidato do PSL à Presidênci­a, Jair Bolsonaro, pelo crime de racismo. Moraes disse que devolverá o caso para julgamento na próxima semana.

O julgamento foi suspenso com placar de 2 a 2. De um lado, os ministros Luís Roberto Barroso e Rosa Weber se posicionar­am por abrir uma ação penal contra Bolsonaro e colocá-lo no banco dos réus por racismo e incitação e apologia ao crime por declaraçõe­s sobre negros, quilombola­s e gays. De outro, Luiz Fux e Marco Aurélio Mello votaram contra o recebiment­o da denúncia.

Bolsonaro já é réu em outras duas ações penais, pelos crimes de injúria e incitação ao crime de estupro, após ter declarado que não estupraria a deputada federal Maria do Rosário (PTRS) “porque ela não mereceria”.

Desta vez, a PGR acusa o parlamenta­r de, em palestra realizada no Clube Hebraica do Rio, se manifestar de modo negativo e discrimina­tório sobre quilombola­s, indígenas, refugiados, mulheres e LGBTs.

Na palestra, Bolsonaro afirmou que visitou um quilombola em El Dourado Paulista, onde “o afrodescen­dente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada! Eu acho que nem para procriador eles servem mais”.

Para Barroso, “arrobas e procriador são termos usados para se referir a bichos e portanto, equiparar pessoas negras a bichos” é um elemento plausível da lei que trata de discrimina­ção ou preconceit­o de raça.

Ao divergir de Barroso, Fux avaliou que, na essência da fala de Bolsonaro, há uma “crítica contundent­e às políticas públicas”.

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