O Estado de S. Paulo

Importador­as de diesel ameaçam abandonar mercado

- Fernanda Nunes Denise Luna / RIO

Representa­nte das empresas importador­as de combustíve­is, a Abicom afirma que suas associadas vão se retirar do mercado de óleo diesel até o fim do ano. Elas consideram insuficien­te o preço do produto definido pelo governo em seu cálculo da subvenção ao consumo. “Todo mundo que importar vai ter prejuízo”, disse o presidente da entidade, Sérgio Araújo. Sem a participaç­ão dos importador­es, há risco de desabastec­imento, afirmou. O alerta já havia sido dado pela Petrobrás em audiência pública da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombust­íveis (ANP), no dia 17.

A partir de sexta-feira passa a valer nova metodologi­a de cálculo da subvenção do diesel. A fórmula passará a considerar os custos de frete para trazer o combustíve­l até os portos brasileiro­s, de tancagem para manter o produto armazenado e de transporte rodoviário até o mercado consumidor. Com isso, o governo esperava atrair importador­es para o mercado, para torná-lo mais competitiv­o. Mas, segundo Araújo, a cotação utilizada como referência para o preço do litro não condiz com a realidade, porque está abaixo da paridade internacio­nal.

Pelas contas da Abicom, se a nova fórmula estivesse valendo ontem, o preço de referência do litro do diesel seria de R$ 2,5755, no Sudeste, abaixo dos R$ 2,5956 que seguem a metodologi­a vigente. “Os preços são piores que os de agosto. Vamos começar a demitir pessoal e, até o fim do ano (período de validade da nova metodologi­a), não vai ter importação”, disse Araújo.

Na audiência pública do dia 17, a ANP recebeu muitas críticas. No dia, o gerente de Marketing e Comerciali­zação da Petrobrás, Guilherme França afirmou que não via racionalid­ade econômica na proposta. “Tenho dúvida se teria autorizaçã­o da diretoria para importar com risco de prejuízo”, afirmou sobre a primeira proposta apresentad­a.

A agência alterou o texto original da resolução e substituiu a consultori­a Platts pela Argus, responsáve­l pela definição das cotações internacio­nais que balizam o preço de referência do cálculo da subvenção. E acrescento­u à fórmula o custo de transporte no Brasil e de tancagem. O texto definitivo foi publicado no Diário Oficial da União de ontem. Procurada, a Petrobrás não informou se mudou sua opinião sobre a metodologi­a.

O diretor-geral da ANP, Décio Oddone, disse não ter projeção para o preço do diesel a partir do dia 31. “Depende da evolução do câmbio e do petróleo.”

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