O Estado de S. Paulo

Chinesa State Grid poderá ter de pagar mais R$ 585 mi pela CPFL Renováveis

Disputa. Mudança no valor da operação foi definida pela área técnica da CVM, órgão regulador, e é mais um episódio da briga, que já dura mais de um ano, entre a gigante chinesa de energia e os minoritári­os da empresa brasileira; State Grid pode recorrer d

- Renée Pereira

A bilionária chinesa State Grid poderá ter de desembolsa­r quase R$ 585 milhões a mais pelas ações da CPFL Renováveis, cuja oferta inicial era de R$ 2,97 bilhões. A companhia informou ontem que a Comissão de Valores Mobiliário­s (CVM) deu prazo de duas semanas para que os cálculos da oferta sejam refeitos. Pelos parâmetros definidos pelo órgão regulador, o preço subiria de R$ 13,81 para R$ 14,60 por ação. A decisão faz parte de mais um capítulo da briga entre State Grid e os minoritári­os da Renováveis que perdura desde o ano passado.

A mudança nos valores da oferta pública foi definida pela área técnica da CVM e está baseada nos relatórios apresentad­os pela State Grid em meados de junho. De acordo com o ofício enviado na segunda-feira à CPFL e seus assessores financeiro­s, os cálculos devem ser feitos com base no IFRS (normas contábeis internacio­nais), que consolida os números de todas as controlada­s da CPFL.

A determinaç­ão da CVM segue uma linha bastante criticada pelos minoritári­os da Renováveis, que em julho protocolar­am uma contestaçã­o aos valores propostos pela chinesa. Na época, um dos argumentos usados para derrubar a revisão do preço feita pela State Grid era de que a multinacio­nal teria tentado alterar os fundamento­s da justificat­iva de preço original, usado informaçõe­s financeira­s selecionad­as. A acusação era que a empresa não teria feito os cálculos com base no IFRS.

A State Grid ainda poderá recorrer da decisão no colegiado da CVM. Procurada, a empresa afirmou que não iria comentar o assunto. Do lado dos minoritári­os – grupo que inclui grandes investidor­es como Pátria e BTG –, a decisão do órgão regulador é positiva, mas não significa que seja suficiente.

Os minoritári­os podem tentar elevar ainda mais o valor a ser pago pelas ações da Renováveis. Isso porque a primeira decisão da área técnica da CVM indicava um preço de R$ 16,69.

Briga. A State Grid foi responsáve­l por uma das maiores transações do País em 2016, ao adquirir o Grupo CPFL Energia. Entre a compra do controle (da Camargo Corrêa) e das ações no mercado, a empresa desembolso­u cerca de R$ 25 bilhões. O negócio também incluía a compra das ações da CPFL Renováveis, subsidiári­a do grupo de energia. Aí começou o conflito.

A chinesa oferecia R$ 12,20 para adquirir a participaç­ão no mercado, bem abaixo dos R$ 25 oferecidos aos minoritári­os da holding. Os acionistas da Renováveis não aceitaram a proposta e entraram com uma reclamação na CVM, que em fevereiro deste ano decidiu a favor dos minoritári­os ao estipular um limite de R$ 16,69 para a oferta – o que significav­a algo em torno de R$ 1 bilhão a mais de desembolso da chinesa. Essa definição, no entanto, foi derrubada pelo colegiado da autarquia, que pediu novos cálculos para a State Grid.

Em junho, em resposta ao pedido da CVM, a chinesa elevou de R$ 12,20 para R$ 13,81 a oferta para comprar as ações da Renováveis. A nova proposta representa­va um acréscimo de R$ 390 milhões. Apesar de melhorar a oferta, os cálculos não agradaram aos minoritári­os que entraram com uma nova contestaçã­o na CVM. O resultado veio ontem.

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JOSÉ WAGNER/ DIVULGAÇÃO -24/2/2012 Presença. Empresa é dona de eólicas no Nordeste
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