Empresas de tecnologia querem lei federal de privacidade nos EUA
Depois que novas regras surgiram na Califórnia, gigantes fazem lobby por regulação mais favorável a elas no país
As leis de privacidade pelo mundo afetaram em cheio as empresas de tecnologia desde o início do ano. Só no primeiro semestre, a União Europeia e o Estado da Califórnia, nos EUA, criaram leis para proteger os dados pessoais de seus cidadãos. Agora, na tentativa de driblar as novas regras, companhias de tecnologia estão estudando formas de criar uma lei federal americana que atenda a seus interesses.
O movimento teve início em maio, quando a Europa começou a aplicar sua nova lei (GDPR, na sigla em inglês) que permite que as pessoas solicitem seus dados e restringe a forma como as empresas obtêm e lidam com informações.
Em junho, foi a vez da Califórnia fazer o mesmo, estabelecendo um parâmetro de privacidade para os EUA. Agora, as principais empresas de tecnologia estão indo para a ofensiva. Nos últimos meses, o Facebook, o Google, a IBM, a Microsoft e outros pressionaram agressivamente as autoridades na administração Trump e em outros lugares para começar a delinear uma lei federal de privacidade.
A lei teria um duplo objetivo: ela iria se sobrepor à lei da Califórnia e, ao mesmo tempo, daria às empresas ampla margem de manobra sobre como as informações digitais pessoais eram tratadas.
“Estamos comprometidos em fazer parte do processo de forma construtiva”, disse Dean Garfield, presidente de um grupo de lobby da indústria da tecnologia, que está trabalhando em propostas para a lei federal. “A melhor forma é trabalhar para desenvolver nosso próprio projeto”.
Os esforços podem criar uma grande luta com os grupos de consumidores e de privacidade. Empresas como o Facebook enfrentam escrutínio por manipular incorretamente dados pessoais dos usuários. Muitas empresas de internet dependem da coleta e análise desses dados para ajudá-los a segmentar os anúncios online que geram a maior parte de sua receita.
“Está claro que a estratégia aqui é neutralizar a lei da Califórnia”, disse Ernesto Falcon, conselheiro da Electronic Frontier Foundation, um grupo de direitos digitais. “As empresas estão com medo da Califórnia porque as leis criadas lá vão definir o padrão para outros Estados”.