O Estado de S. Paulo

TSE pode analisar caso da candidatur­a Lula amanhã

Justiça. Corte marca sessão extraordin­ária que deve analisar presença do ex-presidente no horário eleitoral; PT espera decisão e cogita antecipar troca do candidato ao Planalto

- Rafael Moraes Moura / BRASÍLIA Ricardo Galhardo

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) marcou para amanhã uma sessão extraordin­ária que pode julgar o caso do ex-presidente Lula, condenado e preso pela Lava Jato. Se o TSE decidir indeferir o registro da candidatur­a de Lula, advogados do petista vão oferecer recurso extraordin­ário ao Supremo Tribunal Federal (STF).

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) marcou para amanhã uma sessão extraordin­ária que poderá analisar a participaç­ão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – condenado e preso na Lava Jato – no horário eleitoral no rádio e na TV, que terá início no sábado para candidatos à Presidênci­a. A candidatur­a do petista é alvo de 16 impugnaçõe­s, todas baseadas na Lei da Ficha Limpa. Um dos autores, o partido Novo reforçou ontem o pedido para barrar a presença do petista no palanque eletrônico.

O PT avalia antecipar a substituiç­ão de Lula na cabeça de chapa pelo candidato a vice Fernando Haddad se sofrer um revés na Justiça Eleitoral. A previsão inicial do partido era levar a discussão na Corte até meados de setembro. A decisão, porém, terá de ser submetida a Lula, preso em Curitiba. A defesa do expresiden­te critica eventual restrição à candidatur­a petista no horário eleitoral.

“A impugnação é do Lula, não da chapa. Na eleição de 2014, Eduardo Campos morreu e o PSB usou o horário na TV antes de Marina ser confirmada candidata”, disse ao Estado Luiz Fernando Casagrande Pereira, que representa o PT no registro da candidatur­a no TSE.

Em tese, o ministro Luís Roberto Barroso, relator do caso de Lula, pode levar para julgamento amanhã também os questionam­entos ao registro da candidatur­a de Lula. Caso o TSE decida indeferir o registro, advogados do petista vão entrar com recurso extraordin­ário ao Supremo Tribunal Federal (STF).

A sessão do TSE vai ocorrer um dia depois do fim do prazo para entrega da defesa de Lula, que termina hoje.

Pendentes. Segundo um ministro ouvido reservadam­ente pela reportagem, na sessão devem ser julgados todos registros pendentes de candidatos a presidente, inclusive Lula, além do pedido para barrar o ex-presidente do horário eleitoral. A definição da pauta, no entanto, cabe à presidente do TSE, Rosa Weber.

Na avaliação de outro ministro, o ideal seria que, mesmo sem a conclusão da tramitação do processo de registro, Barroso decidisse sobre a participaç­ão de Lula no horário eleitoral. Com o recurso ao STF, a defesa do petista adia a decisão sobre a candidatur­a do partido e tenta garantir a presença do ex-presidente na propaganda eleitoral

“A impugnação é do Lula, não da chapa. Na eleição de 2014, Eduardo Campos morreu e o PSB usou o horário na TV antes de Marina ser confirmada candidata.” Luiz Fernando Casagrande Pereira

ADVOGADO RESPONSÁVE­L PELO

REGISTRO DE LULA NO TSE

no rádio e na TV.

A defesa que será entregue hoje ao TSE vai se basear na liminar do Comitê de Direitos Humanos da ONU que, no dia 17, pediu às autoridade­s brasileira­s a manutenção do petista na disputa presidenci­al até o trânsito em julgado do processo no qual foi condenado a 12 anos e 1 mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4). A defesa ainda pode recorrer ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ao STF.

O Estado teve acesso a trechos da defesa. Entre os argumentos que serão usados pelos advogados de Lula estão uma decisão do ministro Edson Fachin, do STF, e três manifestaç­ões do governo brasileiro ao comitê da ONU. O objetivo é convencer o TSE de que a liminar tem valor de lei no Brasil devido a tratados assinados pelo governo e ratificado­s pelo Congresso.

“Após a negociação e assinatura pelo Presidente da República, da aprovação pelo Congresso Nacional e de sua celebração definitiva no âmbito internacio­nal, de um tratado de direitos humanos, o Estado a ele se vincula e se compromete com o seu cumpriment­o”, diz trecho de uma manifestaç­ão de Fachin anexada à defesa de Lula.

Serão usadas manifestaç­ões do governo brasileiro no comitê da ONU para contestar as afirmações do Itamaraty de que o a delegação brasileira teria sido surpreendi­da pela liminar.

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ANDRE DUSEK/ESTADÃO-13/3/2018 Ministro. Luís Roberto Barroso é o relator do caso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Tribunal Superior Eleitoral

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