O Estado de S. Paulo

‘Muitos candidatos conservado­res não têm nada de liberal’

Presidente do Livres, Elena Landau diz que movimento defende a pauta da liberdade na economia e nos costumes

- Paulo Beraldo

A economista e advogada Elena Landau, recém-empossada como presidente nacional do movimento supraparti­dário Livres, de orientação liberal, afirmou em entrevista ao Estado que a eleição de Jair Bolsonaro (PSL) ou a volta do PT seriam “duas tragédias para o País”.

Elena, que foi uma das principais economista­s do PSDB por 25 anos, se desligou do partido em 2017 e assumiu, em 21 de agosto deste ano, a liderança do grupo. O Livres se define como liberal “por completo”, tanto em temas econômicos quanto nos costumes.

“Deixamos de usar a palavra liberal porque ela ficou distorcida, já que muitos candidatos conservado­res que não têm nada de liberal usam essa palavra. O Livres trabalha para dar ao cidadão a possibilid­ade de ser dono de seu destino”, afirma Elena, que também é colunista do Estado. A seguir, os principais trechos da entrevista:

O Livres tem interesse de se tornar um partido no futuro?

No momento, descartamo­s a ideia de ser um partido. Existe uma enorme barreira à entrada do novo na política. Começar do zero é muito caro. Nossos associados não têm o perfil de construir um partido. Para montar um partido é preciso dezenas de milhões de reais. A lei eleitoral é feita para se retroalime­ntar. Quem tem mais bancada ganha mais dinheiro, quem tem mais dinheiro ganha mais tempo de TV e por aí vai. Hoje, a gente acredita que é até melhor ser um movimento supraparti­dário. Muitos potenciais apoiadores têm nos procurado porque isso dá mais liberdade. Mas isso não significa que o Livres abriu mão da ideia de atuação política. Temos a intenção de, ao longo do tempo e começando por essa eleição, termos ‘bancadas da liberdade’ ao redor do Brasil.

O que seriam ‘bancadas da liberdade’?

Se o Congresso tem a bancada da bala, a bancada do boi, queremos ter também as bancadas da liberdade, que defendem o combate à burocracia, que propõem um Estado eficiente, mais próximo da população, com igualdade de oportunida­des e facilidade­s para os empreended­ores de todas as rendas. E também defendemos a liberdade nos costumes, uma pauta mais progressis­ta, com liberdade de expressão, casamento homoafetiv­o e legalizaçã­o da maconha. Deixamos de usar a palavra liberal porque ela ficou distorcida, já que muitos candidatos conservado­res que não têm nada de liberal usam essa palavra. O Livres trabalha para dar ao cidadão a possibilid­ade de ser dono de seu destino.

Quais as metas do Livres para as eleições 2018?

Estamos com muita expectativ­a. Temos cerca de 40 candidatos em todos os níveis de governo.

Como a sra. avalia o atual quadro político brasileiro? Encaro com muita apreensão porque vejo nos dois candidatos que lideram as pesquisas (Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro) a gravidade da situação fiscal. A volta do PT ou a eleição de Bolsonaro seriam duas tragédias. O Centro tem que se unir porque, caso contrário, vai acabar empurrando os extremismo­s para o segundo turno. Depois de termos passado por mensalão, petrolão, pela recessão, achei que seria diferente, mas começou a campanha e virou populismo de novo. Ninguém quer ouvir quem fala a verdade. Aí surgem ideias mirabolant­es como resolver a dívida pública vendendo todas as estatais.

Ao mesmo tempo, a sra. defende uma agenda positiva da política...

Não adianta entrar na política com desprezo pela política, com esse discurso do “renova tudo, falando que nenhum político presta”, cheio de ataques a adversário­s. Nem todo parlamenta­r é ruim e não precisa renovar tudo porque também tem muita gente boa no Congresso e na política. Defendemos uma agenda mais pragmática.

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FABIO MOTTA/ESTADÃO - 24/1/2018 Cenário. Para Elena Landau, vitória de Bolsonaro ou do PT seria uma ‘tragédia’ para o País

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