2.199 km e controle quase impossível
Ocontrole dos 2.199 km da fronteira binacional é quase impossível. Em um cenário formado pelas Bacias dos Rios Amazonas, no Brasil, e Orinoco, na Venezuela, serras, mata densa e savanas, apenas 90 km são considerados “definidos por marcos convencionais”. A intenção da operação militar em Roraima é organizar o movimento da massa de retirantes. Uma das prioridades, garante o Ministério da Defesa, é conter a onda de boatos. A presença da tropa federal na área é considerada um fator de dissuasão.
O trabalho mais pesado será feito pela 1.ª Brigada de Infantaria de Selva, de Boa Vista, integrante do Comando Militar da Amazônia (CMA), com sede em Manaus e comando do general Gustavo Henrique Dutra de Menezes. A unidade tem a formação certa para a missão. Há grupos inteiros formados por militares índios, de ao menos diferentes três etnias da região. A maioria dos imigrantes registrados na fronteiriça Pacaraima, 11 mil habitantes, é de jovens indígenas e mestiços. Diariamente chegam a Roraima cerca de 240 famílias, de acordo com uma avaliação de técnicos da Acnur, o Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados.
A ação da Força envolvida na Garantia da Lei e da Ordem (GLO) é diferente da implicada na intervenção na segurança pública do Rio. A Brigada de Selva é treinada para fazer o controle da fronteira, “e está se movimentando em seu ambiente”, na definição de um oficial do CMA. Os dados de inteligência apontam para redução da onda migratória nos últimos dez dias, o que será apurado em campo nas próximas duas semanas. Mas o decreto do presidente Michel Temer pode ser prorrogado.