O Estado de S. Paulo

2.199 km e controle quase impossível

- Roberto Godoy

Ocontrole dos 2.199 km da fronteira binacional é quase impossível. Em um cenário formado pelas Bacias dos Rios Amazonas, no Brasil, e Orinoco, na Venezuela, serras, mata densa e savanas, apenas 90 km são considerad­os “definidos por marcos convencion­ais”. A intenção da operação militar em Roraima é organizar o movimento da massa de retirantes. Uma das prioridade­s, garante o Ministério da Defesa, é conter a onda de boatos. A presença da tropa federal na área é considerad­a um fator de dissuasão.

O trabalho mais pesado será feito pela 1.ª Brigada de Infantaria de Selva, de Boa Vista, integrante do Comando Militar da Amazônia (CMA), com sede em Manaus e comando do general Gustavo Henrique Dutra de Menezes. A unidade tem a formação certa para a missão. Há grupos inteiros formados por militares índios, de ao menos diferentes três etnias da região. A maioria dos imigrantes registrado­s na fronteiriç­a Pacaraima, 11 mil habitantes, é de jovens indígenas e mestiços. Diariament­e chegam a Roraima cerca de 240 famílias, de acordo com uma avaliação de técnicos da Acnur, o Comissaria­do das Nações Unidas para os Refugiados.

A ação da Força envolvida na Garantia da Lei e da Ordem (GLO) é diferente da implicada na intervençã­o na segurança pública do Rio. A Brigada de Selva é treinada para fazer o controle da fronteira, “e está se movimentan­do em seu ambiente”, na definição de um oficial do CMA. Os dados de inteligênc­ia apontam para redução da onda migratória nos últimos dez dias, o que será apurado em campo nas próximas duas semanas. Mas o decreto do presidente Michel Temer pode ser prorrogado.

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