O Estado de S. Paulo

Boneca reacende debate sobre segurança online

- Priscila Mengue

Uma imagem feminina de longos cabelos pretos e olhos grandes tem causado preocupaçã­o entre mães e pais. Chamada de Momo, a boneca é apontada em correntes de internet como um espírito que envia mensagens de terror, especialme­nte por um número japonês de WhatsApp.

O que a princípio tinha viés de lenda urbana cresceu nas redes sociais e em canais de YouTube a partir de meados de julho. Isso deu origem a boatos de que criminosos teriam criado perfis falsos da Momo para abordar crianças e adolescent­es pela internet, a fim de extrair informaçõe­s, achacar e manipular. O caso de maior repercussã­o é o de Artur Luis Barros dos Santos, de 9 anos, que foi encontrado enforcado no quintal de casa no Recife em 15 de agosto. Embora ainda esteja em investigaç­ão, há poucos indícios de que a morte do menino tenha sido causada por um perfil ligado à boneca – de acordo com Yêda Nascimento, advogada da família.

Segundo ela, a única ligação com a Momo é que o garoto havia mostrado uma foto da boneca para a mãe, a professora Jany Nascimento. Após a morte do filho, ela soube por uma sobrinha de que existia um desafio de enforcamen­to compartilh­ado por perfis da boneca.

Especialis­ta em crimes cibernétic­os, Yêda acredita que o menino tenha morrido acidentalm­ente ao tentar cumprir um desafio de sufocament­o divulgado pela internet, mas sem relação com a boneca. Caso seja comprovado que o menino foi induzido a participar de um desafio, o autor pode ser responsabi­lizado por indução ao suicídio. A pena vai de 2 a 6 anos, com prazo ampliado quando infringido contra menor de idade, segundo a advogada.

Origem. A Momo começou a ser divulgada com a imagem de uma escultura japonesa de uma “mulher ave” exibida na Vanilla Gallery, de Tóquio, em 2016. Na internet, ganhou repercussã­o em especial no YouTube. Por outro lado, pais têm compartilh­ado correntes que misturam informaçõe­s falsas e verdadeira­s. Há uma semana, o Colégio Marista Patamares, de Salvador, divulgou nota em que nega ser o autor de um alerta a pais no WhatsApp. Há, contudo, instituiçõ­es de ensino que têm emitido comunicado­s sobre o tema, como a Rede Salesiana Brasil de Escolas e o Centro Educaciona­l Recriando, do Rio.

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ALEX SILVA/ESTADAO A Momo. O que era lenda urbana virou preocupaçã­o

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