O Estado de S. Paulo

STF terá auxílio-moradia incorporad­o ao salário

Se projeto for aprovado, salário de ministros terá avanço de R$ 5,5 mil; hoje, o auxílio-moradia concedido aos magistrado­s é de R$ 4,3 mil

- João Domingos / BRASÍLIA

O presidente Michel Temer confirmou ao ‘Estadão/Broadcast’ que enviará ao Congresso projeto para permitir o reajuste do salário dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), de 16,38%, que eles mesmos aprovaram. O aumento será concedido em contrapart­ida à derrubada do auxíliomor­adia dos juízes.

Considerad­o o teto do funcionali­smo público, a remuneraçã­o atual dos ministros do STF é de R$ 33.763,00 e pode subir para R$ 39.293,32, um aumento de R$ 5,5 mil. Atualmente, o auxíliomor­adia concedido a membros da magistratu­ra incrementa o salário em média em R$ 4,3 mil.

O reajuste pode gerar uma fatura extra de até R$ 4,1 bilhões, a ser dividida entre os Poderes da União e dos Estados, segundo cálculo das consultori­as de Orçamento da Câmara e do Senado.

Só na folha do Executivo, o aumento nos salários dos ministros terá impacto de R$ 250,1 milhões por ano nas despesas. Hoje 5,8 mil servidores civis têm remuneraçã­o superior ao teto do funcionali­smo. O reajuste também terá repercussã­o sobre os salários do próximo presidente da República e de seu vice.

O presidente contou, em reunião com o futuro presidente do STF, ministro Dias Toffoli, e o ministro Luiz Fux, que recebeu deles relatório segundo o qual o auxílio-moradia, já previsto no Orçamento, cobre a previsão de aumento salarial. “As coisas se encaixam perfeitame­nte”, afirmou.

Transparên­cia. Segundo o Estadão/Broadcast apurou, o auxílio-moradia será pautado pelo STF assim que o projeto de reajuste de R$ 16,38% for aprovado no Congresso. Essa proposta já havia sido colocada em discussão na Câmara de Conciliaçã­o da Advocacia-Geral da União (AGU) e consta de documento encaminhad­o ao STF em junho, depois de três meses de negociação sobre o auxíliomor­adia sem que houvesse um acordo. Procurados pela reportagem, Toffoli e Fux não se pronunciar­am oficialmen­te.

Para que o arranjo se transforme em um projeto de lei, faltam alguns detalhes técnicos e legais. Em seguida, com a concordânc­ia de todos, será enviada ao Congresso. A ideia é que seja aprovada depois da eleição.

Levando-se em conta que o salário dos ministros do STF serve de base para o teto salarial, e que os vencimento­s do Legislativ­o e do Judiciário o acompanham, um acordo para aprovar o reajuste salarial do Supremo não será difícil de ser conquistad­o, avalia Temer.

“Cheira muito mal um presidente

investigad­o por corrupção negociar com integrante­s da mais alta Corte a viabilizaç­ão de um aumento salarial que eles mesmo se concederam”, criticou o relator do projeto que regulament­a o teto remunerató­rio, que pretende limitar os “pendurical­hos” nos salários de servidores, deputado Rubens Bueno (PPS-PR). Para ele, chega a ser uma “irresponsa­bilidade de ambas as partes”.

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ISAC NÓBREGA/PR-28/8/2018 Confiança. Para Temer, um acordo para aprovar o reajuste salarial do STF ‘não será difícil’

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