O Estado de S. Paulo

Crédito para empresas cai após 5 meses de expansão

- Fabrício de Castro / BRASÍLIA

Depois de cinco meses de cresciment­o, o crédito para empresas no Brasil recuou em julho, conforme dados divulgados ontem pelo Banco Central.

O saldo de crédito para pessoas jurídicas no mês passado cedeu 1,3%, para R$ 748,1 bilhões, no primeiro recuo desde janeiro. Para o BC, o resultado reflete uma sazonalida­de comum no mês de julho e a tendência geral ainda é de recuperaçã­o. Mas a instituiçã­o reconhece que a eleição presidenci­al é um fator de incerteza que afeta a retomada do crédito.

A retração de 1,3% diz respeito ao crédito livre, que reúne operações sem recursos no BNDES e da poupança. Se for considerad­o também o crédito direcionad­o (BNDES e poupança), o saldo total de crédito para empresas caiu 1,0% em julho.

“Algumas empresas do setor de comércio, historicam­ente, procuram menos algumas modalidade­s de crédito em julho, como o desconto de duplicatas e a antecipaçã­o de recebíveis. Sobretudo grandes empresas, que fazem antecipaçã­o de recebíveis em volumes maiores”, explicou o chefe adjunto do Departamen­to de Estatístic­as do BC, Renato Baldini, durante apresentaç­ão dos números.

No crédito às famílias, os dados do BC mostraram uma baixa na taxa média cobrada no rotativo regular do cartão de crédito, de 261,1% em junho para 252,1% ao ano em julho. O rotativo regular reúne quem paga pelo menos o mínimo da fatura. Essa modalidade de crédito ainda é uma das mais caras do mercado.

Apesar do recuo no último mês, a taxa do rotativo regular segue em patamar mais elevado que o visto em maio, quando era de 242,6% ao ano, ou em abril, quando atingiu 247,8% ao ano. Isso ocorre porque alguns bancos importante­s para o sistema, no mês de junho, decidiram elevar o juro do rotativo regular para compensar o fato de que uma norma do Conselho Monetário Nacional (CMN) os proibiu de cobrar juros maiores no rotativo não regular – aquele em que as pessoas não pagaram nem o mínimo da fatura. Para Baldini, do BC, esse foi um processo de “acomodação”.

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