Crédito para empresas cai após 5 meses de expansão
Depois de cinco meses de crescimento, o crédito para empresas no Brasil recuou em julho, conforme dados divulgados ontem pelo Banco Central.
O saldo de crédito para pessoas jurídicas no mês passado cedeu 1,3%, para R$ 748,1 bilhões, no primeiro recuo desde janeiro. Para o BC, o resultado reflete uma sazonalidade comum no mês de julho e a tendência geral ainda é de recuperação. Mas a instituição reconhece que a eleição presidencial é um fator de incerteza que afeta a retomada do crédito.
A retração de 1,3% diz respeito ao crédito livre, que reúne operações sem recursos no BNDES e da poupança. Se for considerado também o crédito direcionado (BNDES e poupança), o saldo total de crédito para empresas caiu 1,0% em julho.
“Algumas empresas do setor de comércio, historicamente, procuram menos algumas modalidades de crédito em julho, como o desconto de duplicatas e a antecipação de recebíveis. Sobretudo grandes empresas, que fazem antecipação de recebíveis em volumes maiores”, explicou o chefe adjunto do Departamento de Estatísticas do BC, Renato Baldini, durante apresentação dos números.
No crédito às famílias, os dados do BC mostraram uma baixa na taxa média cobrada no rotativo regular do cartão de crédito, de 261,1% em junho para 252,1% ao ano em julho. O rotativo regular reúne quem paga pelo menos o mínimo da fatura. Essa modalidade de crédito ainda é uma das mais caras do mercado.
Apesar do recuo no último mês, a taxa do rotativo regular segue em patamar mais elevado que o visto em maio, quando era de 242,6% ao ano, ou em abril, quando atingiu 247,8% ao ano. Isso ocorre porque alguns bancos importantes para o sistema, no mês de junho, decidiram elevar o juro do rotativo regular para compensar o fato de que uma norma do Conselho Monetário Nacional (CMN) os proibiu de cobrar juros maiores no rotativo não regular – aquele em que as pessoas não pagaram nem o mínimo da fatura. Para Baldini, do BC, esse foi um processo de “acomodação”.