O Estado de S. Paulo

‘Ferramenta­s mudaram, problemas, não’

- / L.C.M.

Sua obra de cineasta, especialme­nte as ficções, tem muito a ver com o tema contemporâ­neo dos afetos...

Os dois filmes, Ferrugem e Para Minha Amada Morta, têm muitos pontos em comum. Ambos possuem personagen­s masculinos sensíveis e introspect­ivos, e além do mais homens que são perturbado­s pelas novas questões do empoderame­nto feminino e do afeto. Em ambos os filmes, o disparador do drama é sempre um vídeo; no anterior era um VHS, agora um conteúdo do WhatsApp, e nos dois a imagem tem uma força sexual que mexe com a vida das pessoas que a descobrem. Então, de alguma forma, acho que se pode dizer que estou fazendo o mesmo filme, guardadas as diferenças que personaliz­am cada obra.

Que história foi essa de querer fazer um filme com os jovens, não só sobre eles?

Tem a ver com a paternidad­e, com o fato de meus filhos estarem crescendo e eu querer colocar nos filmes os assuntos que converso com eles. Discutia com minha ex-mulher a questão do celular, quando liberar o celular para eles. O primeiro esboço de história era muito ingênuo, tinha mais a ver corn a minha experienci­a dos anos 1980, de querer sair corn garotas. Quando charnel a Jessica Candal pars escrever comigo, ela trouxe a contempo-raneidade, a questao do perten-cimento, que é do itnportant­e pars o jovem de hoje. Estar no gnipo... Mas isso, no fundo, tambem tern um lado muito amigo. Sou de uma cidadezi-nha do interior da Bahia ern que ser malfalado era tuna sen-tema de morte. Emil° essa coi-sa da menina galinha, do garo-to garanhAo, do n5tulo, cam, nAo mudou tanto. As inseguran-gas permanecem, as ferramen-tas é que mudaram. L.C.M.

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