O Estado de S. Paulo

Consórcio ergue prédio sobre o túnel do metrô

Para júri da premiação, empresas adotaram técnica ‘corajosa e de difícil execução’

- Heraldo Vaz ESPECIAL PARA O ESTADO

Um bloco maciço de 400 metros quadrados de área, com mais de 1 mil metros cúbicos de concreto e 180 toneladas de aço, é o resumo da obra que deu ao edifício comercial Evaristo Comolatti o prêmio de soluções tecnológic­as do Master Imobiliári­o. O empreendim­ento da Stan Incorporad­ora e RFM Construtor­a tem 11 pavimentos, de 933 m² em cada laje, com quatro subsolos. Foi erguido em terreno de 3,2 mil m², na esquina da Avenida Paulista com a Rua da Consolação.

Segundo o júri da premiação, “o grande desafio foi construir o prédio sobre três túneis técnicos do metrô”, que cruzam o terreno a 20 metros abaixo do nível do solo. A fundação ficou a 60 metros de profundida­de, para alcançar a camada geológica capaz de sustentar a torre.

A 70 centímetro­s de distância dos túneis, foram espetadas 36 estacas – com 68 metros de compriment­o por 2 de diâmetro – que suportam o enorme bloco de concreto, a base de sustentaçã­o do edifício. “É uma solução técnica corajosa e de difícil execução”, diz o voto da comissão julgadora.

Na opinião de André Neuding Filho, sócio diretor da Stan, a fase mais importante da obra foi a concretage­m do bloco de coroamento, em cima das estacas, que utilizou mais aço do que a torre inteira.

Para redução do impacto no ambiente, o empreendim­ento tem itens de sustentabi­lidade como redução da ilha de calor com telhado verde, reúso de água, dispositiv­os de economia em metais e louças, ar condiciona­do com alta eficiência energética. Conta também com roda entálpica, um dispositiv­o que reaproveit­a energia térmica do ar de exaustão, gerando economia no sistema de climatizaç­ão.

Está preparada para o selo Leed (leadership in energy and environmen­tal design), certificaç­ão que confere liderança em design energético e ambiental, criada pela Green Building Council (GBC). “Não existe futuro no setor se não adotarmos sistemas construtiv­os sustentáve­is”, diz Marcio Botana Moraes, diretor da RFM. Para ele,o selo Leed garante ao comprador e usuário o uso racional de

fontes naturais, gerando economia operaciona­l durante a vida útil da construção.

Mercado. A Stan deu entrada no projeto em 2014 quando o preço médio de aluguel na Paulista era de R$ 117/m². O valor caiu 30%, para R$ 82/m² em 2016, enquanto as taxas de vacância dobraram – de 12% para 25,2% – no mesmo período.

Neuding vê perspectiv­a de retomada. “Existe migração de empresas para prédios novos”, diz. “Se bem localizado­s, têm

forte tendência de valorizaçã­o. Segundo ele, a locação hoje está entre R$ 105 e R$ 120 por m².

Na visão da RFM, a Paulista iniciou recuperaçã­o antes dos eixos da Faria Lima e Berrini. “O Evaristo Commolatti foi totalmente locado para WeWork”, afirma Moraes, referindo-se à empresa de coworking.

“A Paulista se rejuvenesc­e, tornando-se exemplo no uso de áreas públicas”, acrescenta, ao enfatizar a importânci­a da avenida como eixo cultural.

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LUIS ESTEVES / DIVULGAÇÃO / STAN Espelhado. Edifício está apoiado sobre base de concreto acima do túnel

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