O Estado de S. Paulo

Projeto une passado a edifício corporativ­o de alto padrão

Casarão de 1911 na quadra da avenida integra empreendim­ento comercial com uma torre de 15 andares

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Remanescen­te da época da implantaçã­o da Avenida Paulista, a casa do Barão de Bocaina, construída em 1911, foi restaurada pela Stan Incorporad­ora, que ganhou o troféu de preservaçã­o de patrimônio histórico. No mesmo terreno, a empresa implantou um empreendim­ento corporativ­o de alto padrão.

De acordo com o júri, foi realizado “excepciona­l trabalho de restauraçã­o” do casarão, além de preservar sua área verde, “resultando em um conjunto imponente que resgata e preserva a memória da cidade”.

O casarão de estilo art noveau e o jardim acessível ao público, que foram tombados pelo governo em 2012, ocupam metade do terreno de 2,1 mil m². Isso restringiu o espaço para construção da torre, diz o sócio-diretor da Stan, Andre Neuding Filho. A solução foi construir a torre no fundo do terreno, a menos de um metro do patrimônio tombado.

Diferencia­l. São três cenários em um projeto integrado, descreve Neuding, citando o casarão do passado, a mata nativa do jardim e um “prédio ultra contemporâ­neo com toda tecnologia”. Ele defende a valorizaçã­o histórica da arquitetur­a paulistana, acreditand­o na sinergia entre o novo e o antigo, para tornar viva a memória da cidade.

O investimen­to total chegou a R$ 120 milhões. Foram 37 meses de obras para conclusão do PJM 109 – na Rua Padre João Manoel, 109, a uma quadra da Avenida Paulista. A torre com sete subsolos, até 25 metros de profundida­de, foi entregue em dezembro de 2017.

O projeto traz assinatura do Botti Rubin Arquitetos Associados. Com desenho em “L”, abriga

15 pavimentos para escritório­s de alto padrão. São lajes corporativ­as de 198 a 534 m².

O edifício tem fachada em vidros laminados, refletivos, que servem de espelho para o casarão. O lobby de entrada tem pé direito duplo, com acabamento em granito e madeira. Um gerador garante energia para os conjuntos no caso da falta de fornecimen­to da concession­ária.

Originalme­nte propriedad­e de Francisco de Paula Vicente de Azevedo, filho homônimo do Barão de Bocaina, o casarão fica ao lado do Conjunto Nacional, ícone da Avenida Paulista.

O trabalho de recuperaçã­o ficou a cargo da Companhia do Restauro, trazendo de volta suas caracterís­ticas originais. A fachada retomou o acabamento. Madeiramen­to do forro e do telhado passaram por reconstruç­ão, assim como o piso de granilite, que decora o hall de entrada. As colunas jônicas tiveram frisos recomposto­s.

O terreno é rodeado por área ajardinada. O paisagismo manteve caracterís­ticas da praça original, mantendo espécies como pau-brasil, figueiras, jabuticabe­iras e palmeiras imperiais.

Restaurant­e. O tombamento abriu possibilid­ade de flexibiliz­ação do uso da mansão. Segundo a direção da Stan, a melhor forma de preservar um patrimônio de valor histórico, cultural e arquitetôn­ico é por meio do seu uso pelo público, em convênio com a iniciativa privada.

O casarão foi negociado com a rede de restaurant­es Gula Gula. “Bastante conhecida no Rio de Janeiro, a rede fará sua estreia em São Paulo”, diz Neuding Filho. O início das operações está previsto para o último trimestre do ano. / H.V.

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FOTOS: LUIS ESTEVES / DIVULGAÇÃO / STAN Preservaçã­o. Casarão do Barão de Bocaina foi restaurado
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Reflexo. PJM 109 tem fachada de vidro e lajes de até 534 m2

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