A sustentabilidade vai aos shoppings
Avanços técnicos têm como objetivo garantir mais eficiência às operações de empreendimentos, com foco no baixo custo condominial
De onde o Brasil faz a curva, em Pernambuco, até quase a ponta de baixo, no Rio Grande do Sul, surgem exemplos de empreendimentos que investem em equipamentos capazes de contribuir para a preservação dos recursos naturais, reduzindo os gastos de água e eletricidade, de olho na sustentabilidade do negócio. O objetivo é fechar as contas, no fim do mês, com menor custo de operações e manutenção.
Adotando tal prática, dois shoppings foram consagrados nesta edição do Master Imobiliário, um em Olinda e outro em Canoas, com o voto majoritário da comissão julgadora, que definiu a premiação. Em ambos os casos, o destaque foi a tecnologia em itens que tornam a edificação sustentável.
Parceria da HBR Realty (Helbor) e Grupo CM, o Patteo Olinda Shopping recebeu o prêmio por inovações tecnológicas. O júri elogiou o projeto executado para “gerar o máximo de eficiência”, apontando, entre as soluções adotadas, a ventilação proporcionada pela fachada, o sistema de ar condicionado com termoacumulação, a reutilização de águas pluviais e o dispositivo de recuperação de energia, que conferem “elevado grau de sustentabilidade ao empreendimento”.
Construído pela Multiplan, o Parkshopping Canoas ganhou troféu de empreendimento comercial. Localizado na região metropolitana de Porto Alegre, o shopping está integrado ao principal parque municipal de Canoas por uma passarela metálica de 60 metros de comprimento. “É referência em sustentabilidade”, diz o voto do júri.
Arena. Para entretenimento, o destaque no Parkshopping é a arena de patinação no gelo, com pista de 450 m². Espaços lúdicos para crianças, cinemas, restaurantes com varanda para o parque e centro de eventos, além da tela de LED com 63 m², completam a oferta de lazer.
O projeto integrou o empreendimento ao Parque Getúlio Vargas, uma área verde de 28 mil m², onde a Multiplan investiu R$ 35 milhões em melhorias, como o lago com fontes luminosas, um anfiteatro e uma praça de eventos. “É o primeiro shopping que reúne natureza, entretenimento, comércio, serviços e sustentabilidade em um único empreendimento”, diz o vice-presidente de desenvolvimento imobiliário da Multiplan, Marcello Barnes.
Desenvolvido com foco no baixo custo condominial, o shopping é o 19º da Multiplan. Para Barnes, o item principal é a planta fotovoltaica de 4.160 painéis com capacidade de produção de 1,3 megawatts. “O investimento foi de R$ 6 milhões”, diz.
A empresa também adotou placas solares no estacionamento, reúso de água, estação de tratamento de esgoto e chillers (resfriadores de água) de baixo consumo. Barnes afirma que “o custo condominial por metro quadrado do Parkshopping é 23% menor do que a média do portfólio da Multiplan”.
Patteo. No Patteo Olinda, inaugurado em abril, uma inovação foi o controle de ruído e menor consumo de eletricidade com o sistema de ar condicionado, que utiliza chillers de última geração. Segundo José Luiz Muniz, diretor do Grupo CM, o “chiller com tecnologia de rolamento magnético” tem eficiência 20% superior aos convencionais e reduz o barulho em até 50%. Ele ressalta a performance da “operação que não usa óleo” e cita os motores do sistema, que reduzem o consumo de energia elétrica em 20%.
Henrique Borenstein, diretor-presidente da HBR Realty, também aponta como ponto principal os equipamentos de ar condicionado, atrelados a três torres de resfriamento. É a termoacumulação, que tem como objetivo, reduzir o custo com energia. O sistema utiliza tanques de água gelada, que armazenam carga térmica de madrugada, quando o custo é mais baixo. São três tanques de 1,5 milhão de litros cada um. “Pode-se alcançar economia de luz de até 70%”, calcula Borenstein. Com bombas de recirculação, o conjunto custou US$ 11,7 milhões.
O Patteo Olinda tem sete pavimentos, incluindo os três de garagens. No terceiro piso comercial, destinado ao lazer, com cinemas e praça de alimentação, existe terraço com vista para o oceano. A fachada ventilada, que aproveita as brisas marinhas através de um vão no corpo da edificação, reduz a temperatura interna, gerando economia de energia no sistema de climatização de R$ 37 mil por dia.