O Estado de S. Paulo

Dólar tem queda e fecha semana em R$ 4,06

No mês, moeda americana acumulou alta de 8,23%, o que representa a maior valorizaçã­o mensal desde setembro de 2015

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O dólar registrou uma forte queda ontem e encerrou o dia abaixo dos R$ 4,10, com a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de iniciar o julgamento do registro da candidatur­a de Lula e com o alívio da situação cambial na Argentina. Na semana, a moeda americana perdeu 1%, mas, no mês, acumulou alta de 8,23% – a maior valorizaçã­o mensal desde setembro de 2015, período posterior à perda do grau de investimen­to.

Ontem, o cenário externo menos avesso ao risco somou-se a uma perspectiv­a mais otimista em relação ao cenário eleitoral doméstico, o que se traduziu em queda de 2,15% do dólar à vista, que terminou o dia cotado a R$ 4,06. “O julgamento no TSE pode matar a chance de Lula aparecer na campanha eleitoral na televisão, que é o medo do mercado”, comentou o sócio da assessoria de investimen­tos Criteria Vitor Miziara.

O TSE havia agendado sessão extraordin­ária do TSE para esta sexta-feira, mas, inicialmen­te, não havia colocado na pauta qualquer processo ligado à candidatur­a do ex-presidente. Ao incluir na pauta, os investidor­es avaliaram que o imbróglio jurídico eleitoral está perto do fim. Até o fechamento desta edição, o julgamento não havia terminado.

Com um veto à candidatur­a de Lula, sua capacidade de transferir votos ao seu sucessor, Fernando Haddad, deve diminuir. Sem Lula, e com o início da campanha de rádio e televisão, o mercado espera que o tucano Geraldo Alckmin (PSDB), seu preferido, decole nas intenções de voto.

Mesmo que o julgamento termine como gostaria o mercado, isso não significa que a trajetória até as eleições será mais suave para os negócios.

“A volatilida­de vai continuar. O mercado está bastante voltado para as eleições e há muita coisa incerta”, lembrou o operador da corretora Spinelli, José Carlos Amado, ao acrescenta­r que os investidor­es esperam mudanças no cenário com a campanha de rádio e televisão.

Ontem, o alívio com a situação argentina também favoreceu o recuo do dólar ante o real, depois que o Fundo Monetário Internacio­nal (FMI) informou que está trabalhand­o estreitame­nte com as autoridade­s argentinas para fortalecer o programa econômico apoiado pelo fundo no país. O governo disse que vai anunciar na segunda-feira um pacote de medidas para reduzir o déficit fiscal do país.

Leilão. No Brasil, o Banco Central realizou dois leilões de linha (venda de dólares com compromiss­o de recompra). Foram ofertados no mercado US$ 2,15 bilhões. A operação tem o objetivo de rolar os contratos que vencem em setembro para 5 de novembro e 4 de dezembro deste ano. Foi uma forma de o BC atuar no mercado, reduzindo a pressão sobre o câmbio.

Por outro lado, as preocupaçõ­es com a guerra comercial entre os Estados Unidos e seus parceiros comerciais serviu de contrapont­o na sessão de ontem e é outro fator que deve se manter no radar em setembro, influencia­ndo os negócios.

“Somado a isso, temos ainda uma reunião do Federal Reserve, onde os juros devem ser elevados e novas pistas sobre o passo seguinte podem surgir”, acrescento­u José Carlos Amado, da corretora Spinelli. /

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