O Estado de S. Paulo

Tribunal deixa disputa mais clara, dizem candidatos

Presidenci­áveis alegam que incerteza sobre situação de Lula confundia eleitor

- Marianna Holanda

Para os candidatos à Presidênci­a, a decisão do TSE de rejeitar o registro do ex-presidente Lula dará mais clareza à disputa eleitoral e acabará com a “confusão” de quem é, de fato, o candidato do PT. Alvaro Dias, presidenci­ável do Podemos, comemorou a decisão, mas atacou o ministro Edson Fachin, único voto favorável ao petista.

A decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de rejeitar o registro da candidatur­a do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Presidênci­a, na madrugada de ontem, vai dar mais clareza à disputa, avaliaram os candidatos ao Palácio do Planalto. Na mesma sessão, o TSE determinou também que o PT substitua o nome do cabeça de chapa até o dia 11. O provável sucessor de Lula é o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, atual candidato a vice.

No cenário eleitoral sem o expresiden­te, o líder das pesquisas é o deputado federal do PSL Jair Bolsonaro. O capitão reformado aparece com 20% da preferênci­a do eleitorado, seguido por Marina Silva (Rede), com 12%, e Ciro Gomes (PDT), com 9%, de acordo com a pesquisa Ibope/Estado/TV Globo divulgada no dia 20 e registrada no TSE sob o protocolo BR-01665/2018. Os três primeiros colocados mais o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) aparecem com taxas de intenção de voto mais elevadas nos levantamen­tos sem Lula.

No Ceará, onde cumpriu agenda de campanha ontem, Alckmin disse que o resultado do julgamento sobre o registro de Lula “clareou” o cenário eleitoral. “Vamos saber agora quem é o candidato”, afirmou. Seguindo o mesmo tom, o expresiden­te do Banco Central Henrique Meirelles (MDB) afirmou que acaba agora “essa confusão de alguém que se lança candidato, mas não é”.

Outros dois candidatos, ambos ex-auxiliares do ex-presidente durante sua passagem pelo Planalto, também comentaram a decisão. Marina Silva divulgou nota na qual afirma que “agora temos os verdadeiro­s candidatos no pleito”.

No Paraná, onde participou de uma caminhada no centro de Curitiba pela manhã, Ciro também falou em “clareza” do processo eleitoral após a decisão. Ele afirmou que há um trauma, mas o esclarecim­ento pelo TSE evita “um tumulto maior” às vésperas do primeiro turno, o que poderia ameaçar a democracia. “Ter o maior líder popular do País proibido de participar do processo eleitoral é um trauma”, disse Ciro. “No entanto, como em toda tragédia, há um lado bom. Eu estou triste, mas agora pelo menos temos mais clareza do processo eleitoral.”

Críticas. Alvaro Dias (Podemos) comemorou a decisão do TSE, mas atacou Edson Fachin, único ministro que na sessão votou pelo deferiment­o da candidatur­a de Lula – o placar foi 6 a 1 pelo indeferime­nto. “Literalmen­te, pisou na bola, como se diz popularmen­te, sujou sua biografia.”

O único a criticar integralme­nte a decisão final dos ministros do TSE foi Guilherme Boulos (PSOL). Em agenda de campanha em Diadema, na região do ABC Paulista, disse que o voto do relator, ministro Luís Roberto Barroso, contra Lula foi “escandalos­o”. No Twitter, afirmou que o julgamento representa “mais um capítulo da desmoraliz­ação do Judiciário”.

A deputada estadual Manuela D’Ávila, que deve herdar a vaga de vice de Haddad, disse pelas redes sociais que o TSE promoveu um “ultraje à democracia”.

Outros candidatos não se manifestar­am sobre a decisão.

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DANIEL TEIXEIRA/ESTADAO Eleitoral. Luiz Fernando Casagrande, um dos advogados de Lula, durante sessão do TSE que cassou o registro do petista

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