O Estado de S. Paulo

Candidatos querem vender refinarias da petroleira

Há entre os postulante­s ao Planalto, porém, o consenso de que pelo menos uma fatia da Petrobrás deve ser mantida sob controle da União

- Fernanda Nunes /

A Petrobrás é um capítulo no programa de governo dos principais candidatos à Presidênci­a da República na eleição deste ano. Não há entre os nove candidatos que lideram as pesquisas de intenção de votos quem fuja às polêmicas envolvendo a empresa. Há entre eles um consenso de que pelo menos uma fatia da petroleira deve ser mantida sob o controle da União. No mais, variam as percepções sobre a presença adequada do governo na empresa e o papel que deve desempenha­r no setor de petróleo e gás natural.

A venda das refinarias da Petrobrás, ou ao menos parte delas, é defendida pela maioria dos candidatos. Eles apostam que assim acabariam com o monopólio exercido pela estatal e, por meio da competição, estimulari­am a queda dos preços.

Numa escala ideológica, que varia da defesa da reestatiza­ção à da livre concorrênc­ia, um dos extremos é ocupado pelo PT, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (que teve na sexta-feira a candidatur­a barrada pelo Tribunal Superior Eleitoral), e pelo PDT, de Ciro Gomes, com seus projetos de desenvolvi­mento econômico com a intervençã­o do governo na economia. O présal tem papel de destaque nesses projetos.

Na outra ponta está o PSL, de Jair Bolsonaro, para quem o setor de petróleo, pautado por uma regulação “orientada pelo estatismo”, entrou num ciclo de ineficiênc­ia desde que o pré-sal foi descoberto, como afirma em seu programa de governo.

Sob a coordenaçã­o do economista Paulo Guedes, a proposta de Bolsonaro para o setor – assim como a de João Amoêdo (Novo), Geraldo Alckmin

(PSDB) e de Henrique Meirelles (MDB) – está mais próxima das reivindica­ções do mercado, de estímulo à competição e atração de novos investidor­es ao cenário econômico.

Transição.

Já Marina Silva, da Rede, mantém a Petrobrás em posição de liderança, mas na transição do País para uma economia de baixo carbono, de substituiç­ão do petróleo pelas energias renováveis, menos poluentes.

Por causa da greve dos caminhonei­ros, no fim de maio, em protesto ao preço do óleo diesel, os combustíve­is e o futuro das refinarias da Petrobrás ganharam destaque nas propostas de governo dos candidatos. “O grande questionam­ento da população, hoje, gira em torno da política de reajuste dos combustíve­is. PT, PDT e PSOL apostam num modelo mais intervenci­onista, com a Petrobrás usada como ferramenta de controle dos preços. Já Alckmin e Marina têm uma visão mais empresaria­l, mas não deixam de ser sensíveis aos interesses populares”, avalia o cientista político da PUCRio, especialis­ta em administra­ção pública, Ricardo Ismael.

Os candidatos do PSDB e da Rede acreditam que o consumidor não deve ser punido com revisões diárias dos preços nas bombas, mas também não querem que a Petrobrás seja prejudicad­a por isso. Já os candidatos João Amoêdo e Álvaro Dias (Podemos) defendem a livre flutuação de preços, conforme as variações internacio­nais.

O candidato do PDT, Ciro Gomes, dissocia os preços praticados pela Petrobrás do mercado externo. Ciro acredita que a estatal deveria se pautar apenas nos próprios custos, acrescidos de uma margem de lucro, para definir seus preços.

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SERGIO MORAES/REUTERS Escala. Opiniões vão da estatizaçã­o à livre concorrênc­ia

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