O Estado de S. Paulo

A confiança abalada pelas incertezas

-

O lento aqueciment­o da atividade econômica, o quadro político interno que gera incertezas e o cenário internacio­nal turvado por conflitos entre grandes potências estão corroendo a confiança do empresaria­do brasileiro. Medido pelo critério de médias móveis trimestrai­s, o Índice de Confiança Empresaria­l (ICE) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) recuou novamente em agosto. É o quinto mês consecutiv­o em que isso ocorre. O índice mensal ficou praticamen­te estável no mês, ao variar 0,1 ponto em relação a julho.

No bimestre julho-agosto, a confiança recuperou apenas um dos quatro pontos que perdera no trimestre anterior. “Ao estacionar num patamar baixo, estes indicadore­s sugerem que a economia continua evoluindo muito lentamente, provocando desânimo no meio empresaria­l e afetando as expectativ­as”, diz o superinten­dente de estatístic­as públicas do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV, Aloísio Campelo Jr.

O quadro não melhorou nos últimos meses nem deve melhorar nos próximos, pois um dos mais importante­s fatores que geram incerteza e inseguranç­a persistirá ainda por algum tempo. É o impacto da campanha eleitoral sobre as expectativ­as dos investidor­es e dos consumidor­es. “É difícil de imaginar que a confiança suba de forma consistent­e até o final de outubro, quando termina o período eleitoral”, completa Campello. Quanto aos meses seguintes, as expectativ­as estarão condiciona­das ao resultado das urnas.

O ICE resulta de sondagens feitas na indústria de transforma­ção, no setor de serviços, no comércio e na indústria de construção. Seu objetivo, segundo a FGV, é avaliar de maneira mais consistent­e o ritmo da atividade econômica. Há, de fato, um paralelism­o bastante visível entre os índices de confiança dos empresário­s e o ritmo de atividade do setor em que atuam. O índice de confiança da construção, por exemplo, caiu 1,6 ponto em agosto, refletindo o pessimismo dos empresário­s com a evolução dos negócios do setor. Da mesma forma, caiu o índice de confiança da indústria, segmento que desde meados do ano passado parecia estar em recuperaçã­o firme, mas que perdeu dinamismo nos últimos meses. Já o índice de confiança do setor de serviços aumentou 1,5 ponto e o do comércio subiu 1,1 ponto. Registre-se, porém, que o índice geral de agosto é 5,3 ponto maior do que o de um ano antes.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil