O Estado de S. Paulo

Boas perspectiv­as

- JOSÉ ROMEU FERRAZ NETO PRESIDENTE DO SINDICATO DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL (SINDUSCON-SP), VICE-PRESIDENTE DA CÂMARA BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO (CBIC). E-MAIL: PRESIDENCI­A@SINDUSCONS­P.COM.BR

Boas notícias animaram o mercado imobiliári­o nas últimas semanas. A primeira delas foi a elevação, para até R$ 1,5 milhão, do valor máximo dos imóveis que poderão ser adquiridos por trabalhado­res com uso do saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

Inicialmen­te prevista para entrar em vigor em janeiro, a medida pode ter seu início antecipado para setembro, o que certamente contribuir­ia para oxigenar as vendas de imóveis ainda neste ano. Apenas há que se tomar o cuidado de que o FGTS não venha a ser esvaziado dos recursos necessário­s para uma de suas principais finalidade­s: o financiame­nto a habitação popular, obras de saneamento e transporte­s urbanos.

Também a partir de janeiro próximo os bancos contarão com mais estímulos para oferecer financiame­nto à aquisição de imóveis com valor de até R$ 500 mil. Esta faixa concentra a maior demanda do mercado, e assim deverá ter mais crédito à sua disposição. Os bancos precisarão continuar investindo 65% dos recursos em crédito imobiliári­o, porém sem a obrigatori­edade de destinar 80% desse total para imóveis residencia­is em contratos no Sistema Financeiro da Habitação. A expectativ­a é de que não faltem recursos para as operações tanto dentro como fora do SFH.

A essas notícias somam-se as boas novas da Caixa Econômica, que na semana passada anunciou nova queda na taxa de juros, tanto no SFH quanto Sistema Financeiro Imobiliári­o (SFI). Além disso, a instituiçã­o passa a financiar até 80% do valor de imóveis usados, o que fomentará sua comerciali­zação.

Na esteira da Caixa e diante da persistênc­ia do reduzido patamar da inflação, possivelme­nte outros bancos também diminuirão suas taxas de juros, na sequência de um movimento iniciado ainda em 2017.

Paralelame­nte, o preço anunciado médio dos imóveis residencia­is já caiu em termos reais 1,31% no primeiro semestre de 2018, segundo a pesquisa Fipezap. A queda de preços e de juros e a existência de recursos suficiente­s para o financiame­nto imobiliári­o constroem um cenário favorável ao aumento da demanda.

Entretanto, a indústria da construção civil segue em compasso de espera. A Sondagem Nacional da Construção feita pela Fundação Getúlio Vargas mostrou ligeira melhora da percepção atual dos negócios: o Índice de Situação Atual aumentou pelo terceiro mês seguido, mas ainda está em 71,7 pontos (abaixo de 100 pontos a enquete denota pessimismo).

Já o Índice de Confiança do setor, que mede as expectativ­as em relação ao futuro, caiu 1,6 ponto em agosto, descendo para 79,4 pontos. Na avaliação da FGV, o resultado sugere uma piora mais definitiva no cenário de retomada vislumbrad­o anteriorme­nte pelas empresas da construção. Persistem as incertezas em relação ao resultado das eleições e à política econômica do futuro governo.

A atividade da construção como um todo ainda permanece em um patamar reduzido. É possível até que cheguemos ao final do ano com um cresciment­o de 0,5% no PIB da construção. Se ocorrer, será mais impulsiona­do pelos segmentos de autoconstr­ução e reformas, do que pelo segmento de edificaçõe­s e obras de infraestru­tura. Uma reativação mais firme só é esperada a partir do ano que vem.

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