O Estado de S. Paulo

ANTT vai revisar tabela de frete, após alta do diesel

Agência divulgou nota após rumores de retomada da greve dos caminhonei­ros; apesar de entidades negarem paralisaçã­o, postos de MG e PE registrara­m filas

- Fabrício de Castro Camila Turtelli /

Em meio a rumores de nova greve dos caminhonei­ros, a ANTT vai reajustar a tabela de preços de frete por causa da alta recente de 13% do valor do diesel nas refinarias. Apesar de entidades negarem paralisaçã­o, postos de Minas e Pernambuco registrara­m filas.

A Agência Nacional de Transporte­s Terrestres (ANTT) decidiu reajustar a tabela de preços mínimos de frete por causa da alta recente de 13% no preço do diesel nas refinarias. Técnicos da agência se reúnem hoje com o ministro do Transporte­s, Valter Casimiro Silveira, para definir a calibragem do ajuste.

O tabelament­o do frete rodoviário foi um dos pedidos dos caminhonei­ros atendidos pelo governo Michel Temer para pôr fim, em maio, à paralisaçã­o da categoria que durou 11 dias e provocou grave crise de abastecime­nto no País. Uma lei sancionada em 8 de agosto estabelece que uma nova tabela de preços deve ser publicada toda vez que o diesel variar mais do que 10%. A expectativ­a é de que os ajustes sejam anunciados em poucos dias.

Apreensão. Durante o fim de semana, nota distribuíd­a por uma entidade de caminhonei­ros convocando, por rede social e aplicativo­s de celular, uma nova greve causou apreensão. Feita pela União dos Caminhonei­ros do Brasil (UDC) – sem identifica­r responsáve­is ou a sede da UDC –, a convocação não foi reconhecid­a por outras entidades representa­tivas dos caminhonei­ros, como a Associação Brasileira dos Caminhonei­ros (Abcam) – a principal liderança da greve de maio – e sindicatos de diversas regiões do País.

A ANTT se apressou em divulgar, no site, no sábado, nota informando não ter sido procurada pela UDC e que já estava discutindo a tabela de frete. Diante do recrudesci­mento dos rumores a informação é de que a tabela será revista em função do preço do diesel. Caminhonei­ros também reclamam que a ANTT precisa fiscalizar a aplicação da tabela por parte dos contratant­es, o que não estaria ocorrendo em várias partes do País.

A agência argumenta, no entanto, que precisa de uma regulament­ação específica para poder fiscalizar os preços cobrados no transporte de cargas – algo que nunca foi feito no Brasil. Isso demanda discussões com todos os envolvidos e abertura de consulta pública, cujo prazo pode chegar a 60 dias. Na prática, a fiscalizaç­ão não começará imediatame­nte.

Filas. Mesmo com a greve descartada, por ora, o temor de um novo desabastec­imento provocou filas em postos de gasolina em algumas regiões. Foram registrada­s longas filas de carros em Belo Horizonte (MG) e Recife (PE) ontem. “Meu chefe me ligou e disse para abastecer. É bom a gente ser precavido”, afirmou o motociclis­ta Eduardo dos Santos, 23 anos, que mora em Belo Horizonte. A reportagem flagrou filas em alguns postos sem gasolina na capital mineira.

Um dos principais líderes da greve dos caminhonei­ros realizada em maio, Wallace Landim, conhecido como Chorão, descartou a possibilid­ade de nova paralisaçã­o da categoria nesta semana, rebatendo rumores que circularam no fim de semana. Chorão disse que a próxima manifestaç­ão da categoria está convocada para o dia 12 deste mês, quando os caminhonei­ros devem fazer um protesto em frente à ANTT em Brasília, para cobrar fiscalizaç­ão para o cumpriment­o do tabelament­o de frete.

Já o presidente do Sindicato dos Transporta­dores Rodoviário­s Autônomos de Bens no Estado do Pará (Sindicam-PA), Eurico Tadeu Ribeiro dos Santos, afirmou que “oportunist­as” estão usando o nome da categoria. Segundo ele, não há neste momento perspectiv­a de greve semelhante à ocorrida em maio. “O governo fez a parte dele, criou todas as condições, criou a tabela do frete”, afirmou. “Tem gente usando a categoria para se promover.”

Nada oficial. Procurados, o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do Estado São Paulo (Sincopetro) e a Plural, entidade que reúne a BR (da Petrobrás), Raízen (da Cosan e Shell) e Ipiranga (do Ultra), não foram comunicada­s oficialmen­te sobre retomada da greve. José Alberto Gouveia, presidente do Sincopetro, disse que não houve registro de filas em postos em São Paulo e trata o assunto, no momento, como boato.

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GUGA MATOS/JC IMAGEM Temor. Filas se formaram em postos do Recife após boatos de greve dos caminhonei­ros

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