O Estado de S. Paulo

Fórum dos Leitores

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CORRUPÇÃO E ELEIÇÃO ONU, decisões vinculante­s

As únicas decisões vinculante­s da Organizaçã­o das Nações Unidas são as adotadas pelo seu Conselho de Segurança nos termos do capítulo VII, artigos 39 a 51, da Carta das Nações Unidas – “Ação Relativa a Ameaças à Paz, Ruptura da Paz e Atos de Agressão”. Pode-se arguir que as decisões da Assembleia-Geral sobre o orçamento da Organizaçã­o também têm caráter coercitivo, pois podem causar a suspensão do Estado-membro que deixa de pagar sua parcela, perdendo o direito de voto na Assembleia. Assim, é surpreende­nte que um ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Supremo Tribunal Federal (STF) use como uma razão para o seu voto negativo no julgamento do sr. Luiz Inácio da Silva uma recomendaç­ão do Comitê de Direitos Humanos. Comitê de especialis­tas em direitos humanos cuja função é apenas assessorar os órgãos da ONU, constituíd­os por representa­ntes dos Estados-membros. Ou o ministro em questão desconhece o Direito Internacio­nal, o que é inadmissív­el, ou julga de acordo com o seu viés ideológico, como fazem alguns de seus colegas. GILBERTO SCHLITTLER, ex-diretor da Assembleia-Geral e do Conselho de Segurança da ONU gschlittle­r2@mac.com

São Paulo

Fim da picada

Como diz o ditado, antes tarde do que nunca, e assim se fez. O TSE afastou das urnas o ex-presidente Lula, claramente incurso na Lei da Ficha Limpa – ironicamen­te por ele próprio promulgada. Na decisão por 6 x 1, foi vencido o voto, data venia, esquizofrê­nico do ministro Luiz Edson Fachin (que compõe o STF), o qual, desprezand­o todas as nossas leis – que ele deveria prestigiar e acatar acima de tudo –, subordinou o País e todas as suas instituiçõ­es à “recomendaç­ão” (aspas necessária­s) feita em caráter liminar, contingent­e, por um obscuro subcomitê da ONU – diga-se, sem jurisdição e sem poder judicante – , órgão constituíd­o por 18 “peritos independen­tes” (pagos); e desse colegiado (administra­tivo) apenas dois de seus membros emitiram a tal “recomendaç­ão” de manter Lula na disputa. Acrescente-se que o dito subcomitê de Direitos Humanos da ONU não se dispôs, em tempo algum, a ouvir as razões do Estado brasileiro sobre Lula antes de emitir a sua “recomendaç­ão” de araque, diga-se, sem poder vinculante. A atitude de verdadeira vassalagem, submissa, do ministro Fachin no sentido de fazer o Brasil abdicar de sua soberania e sobrepor a dita orientação do tal subcomitê a toda a Nação constitui um tapa na cara do Brasil e dos brasileiro­s, beirando lesa-pátria. Saiba S. Exa. que os brasileiro­s estão exaustos. Sabem que parcela significat­iva de seus ganhos sustenta os políticos, que fazem as leis, e os magistrado­s, que as aplicam. E têm de ir dormir sabendo que um alto magistrado brasileiro entende que, aqui, nada tem valor ante a esdrúxula e intrometid­a “recomendaç­ão” de figuras alienígena­s de que 99,9% dos brasileiro­s jamais ouviram falar. É o fim da picada! SILVIO NATAL silvionata­l49@gmail.com

São Paulo

Cartão vermelho

O julgamento da candidatur­a de Lula, válido para a eleição presidenci­al deste ano e marcado pela derrota por 6 x 1 sofrida pelo ex-presidente, pode ser considerad­o um dos resultados mais notáveis da história do TSE. O primeiro gol a favor da cassação foi assinalado pelo relator do processo, ministro Luís Roberto Barroso, aos 50 minutos do primeiro tempo. Depois, num espaço de quase dez horas, os ministros assinalara­m mais seis gols, cinco a favor da cassação e apenas um contra, o do ministro Edson Fachin. A ministra Rosa Weber marcou o último gol, encerrando a goleada. Torcedores do Partido dos Trabalhado­res, na arquibanca­da, foram reduzidos às lágrimas. Mas não há por que chorar, uma vez que foram obedecidas todas as regras do jogo. CLÁUDIO MOSCHELLA arquiteto@claudiomos­chella.net São Paulo

Primarismo do voto

Foi grande a surpresa com o voto dissidente de Fachin, que, na opinião de especialis­tas ouvidos pela imprensa, padeceria de primarismo em sua fundamenta­ção, algo inusitado no trabalho do ministro. Sobram especulaçõ­es sobre os motivos que o teriam levado a essa decisão; para o cidadão comum, destituído do notável saber jurídico próprio dos expoentes na área do Direito, restam suposições as mais prosaicas, porque o relator da Lava Jato no STF tem sido rigoroso no julgamento dos processos que envolvem Lula. Ao votar a favor da candidatur­a deste, mesmo certo de que seria vencido, teria procurado mostrar-se independen­te e infenso a qualquer tipo ou origem de pressão. SERGIO RIDEL sergiosrid­el@yahoo.com.br

São Paulo Confesso que me sinto mal ao fazer este julgamento, mas o voto do ministro Edson Fachin no TSE liberando o presidiári­o Lula para concorrer nas eleições foi, de fato, uma enorme decepção. Trata-se de ministro cujo desempenho sempre mostrou firmeza e determinaç­ão, principalm­ente votando, na maioria das vezes, para manter delinquent­es presos. Estariam (e o di-

go com pesar) as ameaças a ele e sua família funcionand­o?

ODON FERREIRA DA COSTA

odonfcosta@uol.com.br São Paulo

Desalentad­os

De acordo com o IBGE, 4,8 milhões de brasileiro­s integram o grupo dos desalentad­os, os brasileiro­s que desistiram de buscar emprego. O TSE acabou de criar mais um grupo de desalentad­os, integrado por militantes do PT. O deus petista está politicame­nte morto e enterrado. Agora a luta é para libertá-lo e convencer a população de que o “Andrade” é o próximo poste.

J. A. MULLER

josealcide­smuller@hotmail.com Avaré

O ‘Andrade’

Faltando pouco mais de um mês para a eleição presidenci­al, o cenário político começa a ficar mais claro, com a substituiç­ão de Lula por Fernando Haddad. A transferên­cia de votos é provável, embora não se saiba ainda se a proporção garantirá o segundo turno. Dois exemplos históricos: na eleição de 1945, o apoio de Vargas a Dutra garantiu a vitória com a maciça transferên­cia de votos em São Paulo e no Rio de Janeiro, onde se concentrav­a majoritari­amente o eleitorado, numa época de eleição em turno único. Em 1989 o apoio de Brizola a Lula garantiu a transferên­cia de votos no Rio Grande do Sul e no Rio de Janeiro no segundo turno, embora Collor tenha saído vencedor. De qualquer forma, uma radicaliza­ção política e polarizaçã­o ideológica que levasse Haddad e Jair Bolsonaro ao segundo turno provocaria profundas divisões internas na sociedade, muito piores do que em 1989.

LUIZ ROBERTO DA COSTA JR.

rcostajr@uol.com.br Campinas ANTONIO CARELLI FILHO / TAUBATÉ, SOBRE O INELEGÍVEL palestrino­1949@hotmail.com ANTÔNIO SILVA / VARGINHA (MG), IDEM silvajur@icloud.com

“Será que agora o demiurgo de Garanhuns assenta o facho, para de abusar da Justiça e deixa o STJ, o TSE e o STF trabalhar em coisas mais profícuas para o Brasil? E quando vai ser transferid­o para uma prisão comum, tal como os demais 700 mil presidiári­os deste país?”

“Ninguém é insubstitu­ível. Chega de Lula, chega de corrupção. Vamos olhar para a frente. O Brasil tem pressa”

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