Cristina volta a tribunal em caso dos ‘cadernos da corrupção’
Ex-presidente será interrogada sobre subornos que motivaram operação apelidada de ‘Lava Jato argentina’
A senadora e ex-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, será interrogada hoje pelo juiz federal Claudio Bonadio na investigação de um suposto esquema de pagamento de propina que envolve dezenas de empresários e ex-funcionários do governo e que motivou a operação apelidada “Lava Jato argentina”.
“Amanhã (hoje) vou para a corte de Bonadio pela sétima vez”, escreveu Cristina em sua conta no Twitter na manhã de ontem. A ex-presidente pediu que seus apoiadores não organizem marchas para apoiá-la.
“Já sabem, não se mobilizem. Coloquem sua energia para defender as universidades e a saúde pública, a ciência e a tecnologia e para ajudar xs que estão em dificuldade, que infelizmente não são poucxs hoje em nosso país”, escreveu a senadora, que governou o país de 2007 a 2015.
Cristina compareceu no dia 13 de agosto a uma primeira sessão do tribunal que investiga o pagamento de suborno por empresários em troca de contratos de obras públicas. Na ocasião, ela rejeitou a competência do juiz e do promotor do caso, Carlos Stornelli, e se recusou a responder os questionamentos. No entanto, seu apelo para que os responsáveis pela investigação fossem alterados foi negado.
Além deste caso, Cristina é investigada em outros cinco processos de supostos casos de corrupção e por acobertar a participação de iranianos no atentado contra a Associação Mutual Israelita Argentina (Amia).
Além da ex-presidente, também deve ser ouvido hoje pelo juiz o ex-ministro do Planejamento Julio de Vido, que está sob prisão preventiva.
Cadernos da corrupção. Cristina é a pessoa de mais alto cargo investigada no caso dos “cadernos da corrupção”, que envolve mais de uma dezena de ex-funcionários kirchnerista e mais de 30 empresários.
Os detalhes dos pagamentos de suborno foram registrados em vários diários mantidos por um ex-motorista do ministério de Planejamento e incluem também a presidência de Néstor Kirchner (2003-2007).
Além dessas anotações, entre as provas do processo estão delações premiadas de vários empresários e de alguns dos ex-funcionários kirchneristas.