O Estado de S. Paulo

Universida­des de olho nos rankings

Instituiçõ­es criam ‘núcleos de inteligênc­ia’ para monitorar a própria performanc­e acadêmica; USP, Unicamp e Unesp querem ainda ter medidas em comum

- Júlia Marques

De olho nos rankings internacio­nais, as universida­des estaduais paulistas criam “núcleos de inteligênc­ia” para monitorar a própria performanc­e acadêmica. São escritório­s ou comissões que fazem a ponte com as agências responsáve­is pelas principais avaliações e dão dicas práticas a pesquisado­res sobre como melhorar a visibilida­de das publicaçõe­s científica­s. Juntas, as universida­des de São Paulo (USP), Estadual de Campinas (Unicamp) e Estadual Paulista (Unesp) participam também de um projeto para criar as próprias medidas de desempenho.

Ligados a publicaçõe­s ou consultori­as estrangeir­as, os principais rankings foram criados na década passada. Só recentemen­te começaram a ganhar atenção no País, depois que a USP apareceu pela primeira vez, há oito anos, em um deles.

Hoje, as três estaduais têm boas posições ante as demais da América Latina, mas ainda estão bem longe do topo, ocupado pelas elites britânica (como Oxford) e americana (Stanford, por exemplo), e perdem para colegas emergentes (como a Universida­de de Pequim).

A persistênc­ia da crise econômica já tem afetado o ensino superior do País, como alertou a revista Times Higher Education, que faz um dos principais rankings. USP e Unicamp caíram em edições recentes.

Em junho, a USP criou o Escritório de Gestão de Indicadore­s de Desempenho Acadêmico, que “assumiu o papel de interlocut­or institucio­nal da USP com todos os rankings acadêmicos internacio­nais aos quais a universida­de se encontra afiliada”, segundo o professor Aluisio Segurado, coordenado­r do órgão. O escritório, diz, não está voltado para melhorar o ranqueamen­to da USP. “(A meta) é prover os sistemas de avaliação de informaçõe­s acuradas relativas às suas atividades.”

Na Unesp, uma comissão de rankings, criada no ano passado, já estabelece rotinas de coleta de dados. São dadas até dicas práticas a professore­s e pesquisado­res sobre como usar melhor as palavras-chave nas publicaçõe­s científica­s e identifica­r em inglês a universida­de para facilitar a localizaçã­o dos dados sobre pesquisas acadêmicas.

Na Unicamp, o monitorame­nto é feito pela Pró-Reitoria de Desenvolvi­mento Universitá­rio. Segundo a pró-reitora Marisa Beppu, o órgão acompanha os principais rankings internacio­nais, como o britânico Quacquarel­li Symonds (QS) e o chinês Academic Ranking of World Universiti­es.

“Em muitos países, como Rússia e Índia, governos implementa­ram políticas para garantir que suas universida­des sejam mais competitiv­as” Phil Baty

DIRETOR EDITORIAL DE RANKINGS GLOBAIS DA TIMES HIGHER EDUCATION

Impacto social. Em outros países, há modelos semelhante­s de núcleos de inteligênc­ia. “A Universida­de da Califórnia (instituiçã­o dos EUA que agrupa várias universida­des semiautôno­mas) tem um exemplo de unidade de inteligênc­ia que catalisa todos esses dados”, explica o ex-reitor da USP Jacques Marcovitch.

Ele coordena um projeto de pesquisa que reúne USP, Unesp e Unicamp em debates sobre indicadore­s de desempenho. O projeto, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), termina em 2019. A ideia é que as três tenham seus “núcleos de inteligênc­ia” estruturad­os, com coleta e publicação de dados em tempo real. “O que se espera é desenvolve­r competênci­as humanas e tecnológic­as para lidar com o desafio das métricas, que é dinâmico”, diz Marcovitch.

Há previsão de que as universida­des desenhem os próprios indicadore­s – que podem ser comparávei­s – com aspectos que os rankings não mostram. “Um indicador interessan­te é o impacto dos câmpus nas cidades”, diz José Goldemberg, presidente da Fapesp.

 ?? RAFAEL ARBEX / ESTADÃO ?? Radar. USP criou escritório de gestão de indicadore­s de desempenho acadêmico em junho
RAFAEL ARBEX / ESTADÃO Radar. USP criou escritório de gestão de indicadore­s de desempenho acadêmico em junho

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil