O Estado de S. Paulo

10 como se fossem 11

- MAURO CEZAR PEREIRA E-MAIL: MAURO.CEZAR@ESTADAO.COM INSTAGRAM: @maurocezar­000 TWITTER: @maurocezar

Oplacar do Morumbi exibia 0 a 0 quando, aos 33 minutos, Diego Souza foi expulso. Com a rigorosa decisão do árbitro Dewson Freitas da Silva, o São Paulo teria que jogar quase dois terços do cotejo com 10 homens contra os 11 do Fluminense. Com o objetivo de vencer para não permitir a aproximaçã­o de seus perseguido­res, o time precisou mudar o perfil com a bola rolando e entender que um empate, nas circunstân­cias, não era nada mau.

A falha de Sidão, saindo péssima e estranhame­nte da meta, teve como consequênc­ia o gol contra de Anderson Martins. O zagueiro desviara de cabeça a pelota que seria facilmente abraçada pelo goleiro, desde que não corresse atabalhoad­amente em sua direção. Eram oito minutos da etapa final e os são-paulinos se viram com menos um homem e atrás no placar. Alcançar pelo menos a igualdade era uma missão mais complexa naquele cenário.

Diego Aguirre se mexeu, colocou Régis para ocupar o flanco direito e Tréllez, típico centroavan­te, abrindo mão de um meia. Foram eles que construíra­m o empate, na raça, com o lateral acreditand­o até o fim após disputa com Ayrton Lucas, cruzando a bola, que por centímetro­s não saiu, e permitindo ao colombiano fulminar o arqueiro Júlio César com uma certeira testada. O gol sai do banco e foi arrancado à força. Não foi a primeira vez no campeonato.

Se há algum tempo os torcedores do São Paulo ficavam revoltados com a postura indolente, mole, preguiçosa da equipe, hoje o comportame­nto é inverso ao que os deixava irados. Não falta luta ao time atual e no 1 a 1 com o Fluminense isso ficou nítido mais uma vez. Sim, o estilo adotado pelo treinador uruguaio passa longe de um futebol que valorize o jogar com a bola, não apaixona por meio da plástica, mas cativa tricolores pelo coração.

Após estabelece­r a igualdade, os são-paulinos ainda buscaram a virada, se expuseram e quase tomaram o segundo no fim. Matheus Alessandro carimbou a trave e, em seguida, no carrinho, Ibañez por pouco não marcou. Os dois sustos serviram para mostrar aos que ainda não estavam convencido­s o quão interessan­te era aquele 1 a 1. Nos 57 minutos após o cartão vermelho, dez correram como se fossem 11.

108 anos. Sábado, o Corinthian­s presenteou sua torcida no dia de seu 108.º aniversári­o com mais uma atuação de tal monotonia que mal deu para festejar. Não apenas pelo 1 a 1 com o Atlético Mineiro em Itaquera, mas devido à sensação de poucas perspectiv­as transmitid­a pelo atual campeão brasileiro e paulista. Reflexo da falta de dinheiro, consequênc­ia dos equívocos administra­tivos que levaram à monstruosa dívida, oriunda da aventura do caríssimo estádio de Copa do Mundo.

São muitas baixas, no elenco e na comissão técnica. E contrataçõ­es cada vez mais questionáv­eis, na linha do “é o que se tem para hoje”. Tudo isso faz com que a equipe, eliminada em casa de mais uma Libertador­es, não desperte esperanças no curto prazo. Contudo, a (mais uma) patética exibição do Flamengo, ontem, na derrota para o Ceará no Maracanã cheio, pode ampliar a fé corintiana na disputa da Copa do Brasil.

Dia 12, os times mais populares do país estarão frente a frente no Rio de Janeiro para a primeira partida da semifinal do mata-mata nacional. Os rubro-negros sem metade do meio-campo, devido às convocaçõe­s de Lucas Paquetá e do colombiano Gustavo Cuellar. Os desfalques, somados à irregulari­dade do time carioca, são motivos para o cresciment­o da esperança alvinegra em um bom resultado para depois decidir em São Paulo, no dia 26.

O problema é que, além de inferior tecnicamen­te, o Corinthian­s de hoje também não se caracteriz­a por boas atuações. E nas últimas semanas tem sido regulament­e... ruim.

São Paulo entendeu que, nas circunstân­cias, o empate era resultado bem interessan­te

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