O Estado de S. Paulo

BrasilAgro expande cultivo em MT com soja e milho

- COLABORARA­M NAYARA FIGUEIREDO e LETICIA PAKULSKI

ABrasilAgr­o vai começar a plantar soja e milho em Mato Grosso, onde hoje só cultiva cana-de-açúcar. A intenção da companhia é iniciar os trabalhos já nesta safra 2018/19, em uma área de terceiros, num total de 10 mil a 18 mil hectares. Precisa apenas bater o martelo com quem está negociando, conta à coluna Gustavo Lopez, diretor de Relações com Investidor­es da empresa. A decisão é parte da estratégia de ampliar atividades em terras arrendadas. Dos 103 mil hectares semeados pela companhia na safra 2017/18, no Brasil e no Paraguai, 26,7 mil hectares, ou 26%, não eram próprios. “Em duas safras, queremos chegar a 50% em terras arrendadas”, afirma Lopez. O plano é trabalhar só em áreas altamente produtivas, de modo a garantir aos investidor­es resultados positivos “recorrente­s”.

» Dois coelhos. O negócio da BrasilAgro é comprar terras, torná-las altamente produtivas e vendê-las. Mas o processo leva anos, enquanto acionistas querem resultados a cada trimestre. Já ocorreu de a empresa ter lucro após a venda de terras e ver o resultado cair algum tempo depois porque a lavoura ainda demandava grande investimen­to. Com o arrendamen­to, a companhia acredita que remunerará os investidor­es com regularida­de maior e terá mais recursos para desenvolve­r lavouras próprias.

» À venda. Na avaliação de Lopez, o momento é propício à negociação de terras que atingiram produtivid­ade máxima, que hoje compõem 38% do portfólio. O Brasil continua expandindo a produção e os preços dos grãos são remunerado­res. “O objetivo é obter até R$ 70 milhões em vendas por ano”, diz. Para atrair compradore­s, a BrasilAgro também vai estrear no plantio de algodão, em Correntina (BA).

» Crise turca. A desvaloriz­ação de mais de 30% da lira turca somente em agosto ameaça o embarque de 150 mil cabeças de gado do Brasil para o país euro-asiático, programado para os próximos 60 dias. Ricardo Barbosa, presidente da Associação Brasileira dos Exportador­es de Animais Vivos (Abreav), conta que os compradore­s querem renegociar os contratos. O processo, além de atrasar, pode significar menos receita para o setor. Segundo ele, assim como a Turquia não conta com outra opção mais competitiv­a, o Brasil depende daquele mercado – 72% das vendas de gado em pé vão para os turcos. A projeção da Abreav é que a exportação do segmento chegue este ano a 750 mil cabeças.

» Guinada. A Obrigado, marca de bebidas à base de coco, tem apenas quatro anos e já reforça ações no mercado externo, para onde envia 20% da produção. “Em 2019 queremos que chegue a 30% e, em cinco anos, a 80%”, antecipa Roberto Lessa, CEO Global do grupo Aurantiaca, dono da marca. Ele justifica: “Lá fora o consumidor paga mais pelo produto. Aqui teríamos de reduzir o preço para crescer.” Em 2019, a Obrigado deve produzir 30 milhões de litros das bebidas.

» Confia. Lessa argumenta que a tendência global é de substituiç­ão do leite. E o mercado global de alimentos “good for you” (bom para você), sinônimo de saudáveis e saborosos, cresce 20% ao ano, enfatiza. Os Estados Unidos consomem metade das exportaçõe­s da Obrigado, seguidos pela Europa, mas o consumo no bloco deve aumentar. Para dar conta da demanda, a empresa prevê investir, em três anos, US$ 50 milhões a US$ 60 milhões na ampliação de sua fábrica e na compra de uma quarta fazenda na Bahia.

» Senta e espera. Maior produtora de suco de laranja do mundo, a indústria brasileira sonha com o mercado sul-coreano, que impõe uma tarifa de 54% sobre o valor da bebida. A esperança são as negociaçõe­s de um acordo de livre comércio entre Mercosul e Coreia do Sul, mas as conversas nem começaram. Por outro lado, produtores da Espanha comemoram o aumento de suas exportaçõe­s para o país asiático. A bebida é feita com laranja de mesa que não é consumida localmente, tem qualidade questionáv­el, mas consegue chegar aos sul-coreanos por causa de um acordo de livre comércio entre os dois países.

» Retomada. As exportaçõe­s brasileira­s de máquinas agrícolas contabiliz­adas pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipament­os (Abimaq) cresceram só 1,6% de janeiro a julho ante igual período de 2017. Com a recente valorizaçã­o do dólar, o cenário deve mudar. “Estávamos trabalhand­o com dólar abaixo de R$ 3,60, que não era competitiv­o para exportaçõe­s”, explica João Carlos Marchesan, presidente da Abimaq. Com os produtos brasileiro­s mais baratos no exterior, a expectativ­a é de aumento de até 5% nas vendas este ano.

» Alto nível. Com reconhecid­a eficiência, cooperativ­as agropecuár­ias do Sul buscam mais resultados unindo forças. José Roberto Ricken, presidente da Organizaçã­o das Cooperativ­as do Paraná (Ocepar), conta que há no cooperativ­ismo uma “tendência natural de aglutinaçã­o”, da mesma forma que empresas têm se consolidad­o. Ele cita o caso de sete cooperativ­as de Londrina que reorganiza­ram a estrutura para, juntas, produzir mais de 1 milhão de litros de leite/dia. “Deixaram de ter sete diretorias, sete contadores... E reduziram custos.”

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DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO Soja. Empresa aproveitar­á preço remunerado­r para plantio em área arrendada

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