‘Fazemos com o crédito o que Uber ou Airbnb fizeram em seus mercados’
Foi durante um mestrado em Londres sobre como implementar modelos de negócios com tecnologia, que os sócios da Nexoos se conheceram e decidiram criar uma plataforma online para conectar empresas que precisam de empréstimos a pessoas com recursos e em busca de uma oportunidade de investimento. A ideia dos brasileiros Daniel Gomes, Murilo Bassora e do paraguaio Nicolas Arrellaga era, a exemplo de inúmeras fintechs que invadiram o mercado inglês, ‘desintermediar’ a operação de crédito, por meio de um sistema conhecido como peer to peer lending. “Hoje, com tecnologia, a intermediação é muito mais barata. Estamos fazendo com o crédito para pequenas e médias empresas o que Airbnb, 99 ou Uber fizeram em seus mercados”, diz Arrellaga. No Brasil desde 2016, a Nexoos também tem operação no Paraguai, onde foi estruturada, e hoje é uma das fintechs mais populares do país.
Como funciona o modelo peer to peer lending?
Por meio de uma plataforma online, unimos pequenas empresas a investidores – no nosso caso, pessoas físicas interessadas em obter rentabilidade. O uso da tecnologia diminui a burocracia no processo de tomada de dinheiro e reduz custos com pessoas e com estrutura da empresa. Em função disso, é possível oferecer taxas de juros mais baixas para mais empreendedores. Esse sistema causou uma revolução no mercado inglês, que tem um spread bancário muito menor do que o nosso. Ao montarmos a Nexoos, ficamos imaginando a potência desse modelo no Brasil, que tem o segundo maior spread bancário do mundo e cujo mercado é centralizado e tem grande volume.
Em comparação com os bancos, quais as vantagens desse modelo?
Em geral, conseguimos ser cinco vezes mais rápidos e até 70% mais baratos que bancos. Para ter acesso a financiamento, a empresa não precisa oferecer garantias reais e o processo de avaliação de crédito é baseado em algoritmos de análise com uso de inteligência artificial e de machine learning. A oferta de crédito vai de R$ 25 mil até R$ 500 mil, com prazo de 3 a 24 meses e com taxas que ficam entre 1,2% a 3,2% ao mês.
Qual tem sido o perfil das empresas que solicitam empréstimos?
Em geral, os empréstimos têm sido feitos para capital de giro, expansão e refinanciamento de dívidas. Em dois anos, já intermediamos R$ 80 milhões em empréstimos, temos uma comunidade de 50 mil empresas e 15 mil investidores pessoas físicas. O ticket médio do tomador é de R$ 100 mil. /CÁTIA LUZ