O Estado de S. Paulo

Morre, aos 91, o poeta construtiv­o

Ele foi um dos grandes a participar, em 1956, da primeira Exposição de Arte Concreta, ao lado dos irmãos Campos

- /A.G.F.

Um dos seis poetas que participar­am da Exposição Nacional de Arte Concreta de 1956, ao lado de Augusto de Campos, Haroldo de Campos e Ferreira Gullar, morreu na quinta, 30, no Rio, aos 91 anos, o carioca Wlademir Dias-Pino, que, jovem, fundou um grupo de poesia experiment­al em Cuiabá, onde passou a morar aos 11 anos. O poeta, que também era artista visual, preparava uma exposição para o Centro Pompidou em Paris quando morreu, em decorrênci­a de uma pneumonia. A cerimônia de cremação foi realizada no sábado, no Cemitério do Caju.

Dias-Pino era um pensador gráfico, interessad­o em explorar a dimensão visual da poesia. Há dois anos, no Museu de Arte do Rio (MAR), ele ganhou uma retrospect­iva com 800 obras que reafirmou sua posição como artista plástico. Ele participou da 32.ª edição da Bienal de São Paulo, em 2016, exibindo peças gráficas. Antes, ele esteve presente nas edições de 1967 e 1977 da mostra internacio­nal

O artista publicou vários livros com poemas gráficos, entre eles A Ave (1956), além de ter sido o pioneiro que introduziu motivos geométrico­s no carnaval de rua do Rio de Janeiro há exatos 60 anos. Filho de um tipógrafo, Dias-Pino foi criado numa família de anarquista­s, o que explica a mudança da família do Rio para Cuiabá, em 1936, um exílio forçado que reforçou o intimismo de sua poesia a e timidez do poeta.

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