O Estado de S. Paulo

Temer ataca tucano e o vincula à base do governo

Em vídeo, presidente diz ao tucano que áreas criticadas por ele foram geridas por ex-ministros que hoje o apoiam

- Mariana Haubert Tânia Monteiro / BRASÍLIA

Sem um candidato que defenda o legado de seu governo, o presidente Michel Temer reagiu pessoalmen­te às críticas feitas pela campanha do presidenci­ável Geraldo Alckmin (PSDB), de que sua gestão foi um “fracasso” em áreas como saúde e educação. Em vídeo publicado ontem à noite em uma rede social, o emedebista, dirigindo-se diretament­e ao ex-governador, ressaltou que os partidos que compõem a coligação tucana são os mesmos que integram a base do seu governo e que, inclusive, comandaram os ministério­s em áreas criticadas.

O presidente diz ainda que, se Alckmin for eleito, terá a mesma base partidária para governar e pede para que o tucano “pare de ouvir seus marqueteir­os”. “Geraldo Alckmin, candidato a presidente da República, me dirijo a você. A você pelas falsidades que você tem colocado no seu programa eleitoral e eu não posso silenciar em homenagem ao povo brasileiro”, começa Temer no vídeo publicado em sua página no Twitter.

“E eu me lembro, Geraldo, quando você era candidato a governador, candidato a presidente, nas vezes em que te apoiei precisamen­te para esses cargos, eu acho que você era diferente. Não atenda ao que dizem seus marqueteir­os. Atenda apenas à verdade e a verdade é que fizemos muito por essas áreas conduzidas por aqueles que hoje apoiam sua candidatur­a”, afirma Temer no vídeo.

Ministros. O presidente cita os ex-ministros da Educação, Mendonça Filho (DEM); da Saúde, Ricardo Barros (PP), e da Indústria e Comércio, Marcos Pereira (PRB) e, sem citar nomes, diz que o PTB comandou o Ministério do Trabalho – filiado ao partido, Helton Yomura pediu demissão em julho em meio a denúncias de integrar esquema de corrupção e fraudes para liberação de registros sindicais. No vídeo, Temer afirma que estas áreas foram bem administra­das em seu governo e lembra que os partidos de seus ex-ministros apoiam a candidatur­a de Alckmin.

Com índice de reprovação recorde de seu governo, Temer tem ficado de fora da campanha dos candidatos de partidos aliados e até mesmo do ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles (MDB). Como mostrou a Coluna do Estadão ontem, as críticas da campanha do tucano ao governo Temer estão sendo incentivad­as por dirigentes do Centrão.

A avaliação do PSDB, no entanto, é a de que Alckmin precisa se descolar do governo, do qual o PSDB fez parte até dezembro do ano passado com três ministério­s (Cidades, Secretaria de Governo, Direitos Humanos), para não ter desgaste eleitoral. Temer deve gravar e publicar novos vídeos para rebater o PSDB. A ordem é não deixar críticas ao governo sem resposta.

‘Diferente’

“E eu me lembro, Geraldo, quando você era candidato a governador, a presidente, nas vezes em que te apoiei precisamen­te para esses cargos, eu acho que você era diferente. Não atenda ao que dizem seus marqueteir­os.” Michel Temer

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