Cresce o número de famílias endividadas
As famílias estão em situação financeira melhor do que a do ano passado, mas não têm motivos fortes para estarem mais dispostas a consumir. O que a pesquisa Endividamento e Inadimplência do Consumidor, da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), relativa a agosto mostra é que essa situação, embora mais confortável do que a de um ano antes, vem piorando há dois meses consecutivos.
É mais um indicador que confirma a desaceleração de uma atividade econômica que já demonstrava fraca recuperação. Dados como produção industrial, emprego e salário já antecipavam o fraco desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre de 2018, quando a economia registrou aumento de 0,2% em relação ao trimestre anterior e de 1,0% na comparação com igual período de 2018. Números recentes indicam que não está havendo mudança significativa do ritmo da atividade econômica no segundo semestre.
De acordo com a pesquisa da CNC, 60,7% das famílias consultadas tinham dívidas com cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, empréstimo pessoal, prestação de carro ou seguro. É um porcentual menor do que o registrado em agosto do ano passado (61,2% do total das famílias), mas maior do que o de julho (59,6%), que já tinha sido maior do que o de junho.
A economista da CNC Marianne Hanson destaca o fato de que o nível de endividamento caiu em relação a 2017, mas ressalva que os dados refletem menor recuperação do consumo das famílias e maior cautela na contração de novos empréstimos.
O porcentual de famílias com dívidas ou contas em atraso (23,8%) apresentou variação semelhante à do total de endividados: menor do que o de agosto de 2017 (25,9%), mas maior do que o de julho (23,7%). Da mesma forma, o porcentual de famílias que declararam não ter condições de pagar suas contas ou dívidas em atraso em agosto (9,8%) é menor do que o de um ano antes (10,6%), mas maior do que o do mês anterior (9,4%).
O cartão de crédito, cujo custo é o mais alto entre todas as modalidades de financiamento, é a principal forma de dívida de 76,8% das famílias endividadas. Entre essas famílias, a parcela da renda comprometida com dívidas diminuiu entre agosto de 2017 e de 2018 (de 29,8% para 29,6%), mas continua num nível alto.