O Estado de S. Paulo

Setor produtivo critica reajuste de 5% no frete

Tabela foi corrigida para compensar alta de 13% no preço do diesel; caminhonei­ros ainda reclamam da falta de fiscalizaç­ão pela ANTT

- Lu Aiko Otta Luci Ribeiro / BRASÍLIA Letícia Pakulski

O governo corrigiu a tabela de preços mínimos do frete rodoviário em 5% na média, conforme antecipado ontem pelo ‘Estado’. O reajuste, motivado pela alta de 13% no preço do óleo diesel anunciado na semana passada, agrava o problema de aumento de custos com transporte, afirmam entidades representa­tivas das empresas. Por isso, elas prometem intensific­ar a pressão para que o Supremo Tribunal Federal (STF) decida logo pela inconstitu­cionalidad­e da medida.

Ontem mesmo, a Confederaç­ão da Agricultur­a e Pecuária do Brasil (CNA) pretendia protocolar um reforço à ação de inconstitu­cionalidad­e que já está na corte aguardando decisão. A Confederaç­ão Nacional da Indústria (CNI) divulgou nota em que diz esperar uma decisão célere da Justiça.

Do ponto de vista das empresas, o reajuste agrava um quadro que já era ruim. A Associação Nacional dos Exportador­es de Cereais (Anec) elevou de US$ 4 bilhões para US$ 5 bilhões sua previsão de custo extra com frete para escoar a safra de soja e milho em 2019. “Não tem como produtor nem exportador absorverem isso”, diz o diretor-geral da Anec, Sérgio Mendes.

Novos cálculos da CNA mostram que o custo de transporte da soja entre Sorriso (MT) e o porto de Santos (SP) ficou 57% maior do que antes do tabelament­o. Se, além disso, for necessário pagar o retorno do caminhão, o aumento é de 204%.

Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais (Abiove), André Nassar, a correção da tabela passou por cima de questões técnicas e jurídicas. “Foi uma decisão política”, afirmou. “Tememos que esse comportame­nto do governo se torne padrão.”

Por decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux, todas as discussões judiciais sobre a tabela do frete estão suspensas até que haja uma decisão quanto à constituci­onalidade da medida.

Entre os caminhonei­ros, a tabela foi recebida como uma simples atualizaçã­o devida pelo governo, que não afasta outras preocupaçõ­es da categoria. “É o que precisava ser feito”, diz o presidente do Sindicato dos Transporta­dores Autônomos de Carga (Sinditac) de Ponta Grossa, Neori “Tigrão” Leobet.

No entanto, a falta de informação quanto às fiscalizaç­ões ainda causa tensão. O líder Wallace Landim, o “Chorão”, disse que está mantida a manifestaç­ão no dia 12 em frente à sede da ANTT, para pressionar pela atuação dos fiscais pelo descumprim­ento da tabela.

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FELIPE RAU/ESTADÃO - 26/5/2018 Custo. Trasnporte da soja entre Sorriso e Santos subiu 57%

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