CONTEMPLAÇÃO
Projeto propõe atenção à arte
Cartas estarão disponíveis com propostas de apreciação das obras, mas procurando não passar fórmulas preconcebidas nem elaborar juízos de valor sobre experiências estéticas dos visitantes “Atenção.” Essa é a palavra que norteou o desenvolvimento do projeto educativo da 33.ª Bienal de São Paulo. A principal ação deste ano é deixar disponíveis “cartas” com, se não instruções, caminhos possíveis para driblar a imensa quantidade de informação que recebemos dia a dia e tirar um tempo para apreciar as obras artísticas. São “protocolos de atenção”, na definição do curador Gabriel Pérez-Barreiro, que podem ser usados dentro ou fora da Bienal.
As cartas são divididas em quatro partes: (1) encontrar uma obra que parte de um processo subjetivo de identificação; (2) dedicar atenção, com caminhos que vão de perceber a superfície da obra até reconhecer o que há de você ali; (3) registrar a experiência, que pode ser escrever suas impressões, praticar um movimento corporal a partir da experiência ou mesmo reconhecer os sentimentos que a obra provocou e guardar essa sensação; e (4) compartilhar.
“Qualquer pessoa tem sua experiência, e qualquer experiência é válida, não existe experiência estética melhor ou pior do que a outra”, explica a superintendente de projetos da Bienal, Dora Corrêa. “Todas têm o mesmo grau de importância e autenticidade.”
Além das cartas, 70 mediadores foram formados pela Bienal para auxiliar os visitantes no processo – grupos de escolas, ONGs, universidades, professores (ou qualquer grupo de 10 pessoas ou mais) se inscrevem no site da Bienal para as visitas guiadas; as chamadas visitas espontâneas também podem ter auxílio dos mediadores, ou mesmo usarem as cartas de orientações de maneira individual. A expografia em “ilhas” (leia mais na página 8) permitiu o estabelecimento de “estações de conversa”, espaços no Pavilhão entre uma seção e outra, que serão usadas para os propósitos educativos – e também para descanso.
“A arte propõe um espaço em que a experiência da atenção tem uma natureza facilitadora”, diz Corrêa. “E essa experiência tem consequências nas pessoas.”