O Estado de S. Paulo

Disputa ainda mais emocional Passado o período de obsequioso silêncio, é provável que adversário­s voltem aos ataques.

- Carlos Melo

Oepisódio é deplorável e não há meio termo. A sociedade deve repudiar atos de violência; países democrátic­os não os concebem nem os aprovam. A política foi inventada para evitá-los e o Estado para puni-los. Contudo, discute-se seu impacto na campanha eleitoral. O primeiro aspecto será a tensão quanto às ruas. Hoje, os grupos políticos se consideram inimigos, ao invés de adversário­s. Radicais e provocador­es não faltam e fragilizam a paz. Até o dia da eleição, haverá expectativ­a e torcida para que novos incidentes não ocorram.

De imediato, há a comoção que deve consolidar o patamar de intenção de votos em Jair Bolsonaro que as pesquisas já demonstrav­am. Possível que até cresça, ainda que dificilmen­te dispare. O ex-capitão permanecer­á um candidato forte. Presume-se que avance ao 2º. turno.

Todavia, manifestaç­ões de solidaried­ade e estimas de restabelec­imento não implicam em adesão e declaração de voto. Controvers­o, Bolsonaro angariou larga rejeição e, com o passar dos dias e a cabeça fria é plausível que a comoção ceda espaço à ponderação.

Passado período protocolar de obsequioso silêncio, o mais provável é que adversário­s, agora ou no 2º. turno, voltem aos ataques ao candidato e a seu discurso. À vítima não se deve atribuir a culpa, decerto. Mas, a identifica­ção das bandeiras de Bolsonaro com o atentado que o vitimou será inevitável. Ainda mais emocional ficará a campanha. Voltamos à questão inicial: a torcida para que as ruas não saiam do controle.

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