O Estado de S. Paulo

Síria prepara arma química, dizem EUA

Segundo novo assessor do Departamen­to de Estado, há ‘evidências’ de que regime Assad poderia usá-la em ofensiva contra província rebelde

- WASHINGTON

Os EUA revelaram ontem que há “várias evidências” de que armas químicas estão sendo preparadas pelas forças do governo de Bashar Assad na Província de Idlib, noroeste da Síria, e advertiram para o risco de uma ofensiva no último grande reduto rebelde no país.

“Temos informaçõe­s muito substancia­is para fazer esse alerta”, disse Jim Jeffrey, que foi nomeado no dia 17 pelo secretário de Estado, Mike Pompeo, assessor para as conversaçõ­es sobre uma transição política na Síria.

A Casa Branca advertiu que os EUA e seus aliados responderã­o “duramente” se as forças do regime Assad usarem armas químicas na esperada ofensiva em Idlib. Jeffrey disse que um ataque da Rússia e das forças sírias, e o uso de armas químicas, provocaria­m enorme fluxo de refugiados para a Turquia e áreas na Síria sob controle turco.

Assad concentrou suas forças e de aliados na fronteira noroeste e caças russos iniciaram bombardeio­s sobre a área, um sinal de iminente ofensiva.

Os EUA exigiram ontem que Rússia e Irã impeçam a ofensiva de Assad contra Idlib. “Rússia e Irã, como países com influência sobre o regime, têm de deter essa catástrofe. Está nas mãos deles”, disse a embaixador­a americana na ONU, Nikki Haley, em uma reunião do Conselho de Segurança, que ocorreu paralelame­nte a um encontro entre os presidente­s de Rússia, Irã e Turquia, em Teerã, para discutir a situação da província rebelde. Para Haley, se o Kremlin apoiar um ataque contra Idlib estará deixando claro que mente quando diz que apoia a paz na Síria.

Na reunião em Teerã, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, pediu a instauraçã­o de um cessar-fogo em Idlib. “Se conseguirm­os emitir uma declaração de cessar-fogo, seria um dos resultados mais importante­s desta cúpula e acalmaria a população civil”, afirmou Erdogan. Para ele, um assalto à província provocaria “uma catástrofe, um massacre e um drama humanitári­o”.

No entanto, o presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que “o governo sírio tem o direito de assumir o controle da totalidade de seu território nacional e deve fazê-lo”. O presidente iraniano, Hassan Rohani, afirmou que a luta contra “o terrorismo” em Idlib é inevitável, mas “não se deve fazer os civis sofrerem”.

“Rússia e Irã, como países com influência sobre o regime, têm de deter essa catástrofe. Está nas mãos deles” Nikki Haley

EMBAIXADOR­A DOS EUA NA ONU

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AP Aliados. Putin (esq.), Rohani e Erdogan discutem Síria

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