O Estado de S. Paulo

Ex-líderes das Farc deixaram zonas de paz, acusa ONU

Sumiço dos ex-rebeldes provocou temor de que eles tenham se aliado a dissidênci­as da guerrilha, extinta em 2016

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A missão das Nações Unidas encarregad­a de supervisio­nar o acordo de paz com ex-rebeldes das Forças Armadas Revolucion­árias da Colômbia (Farc) confirmou ontem que seis ex-comandante­s da guerrilha não cumpriram suas obrigações no tratado, assinado com o governo colombiano em 2016. Segundo a ONU, eles deixaram as chamadas zonas de reincorpor­ação. O sumiço provocou temor no país sobre a possibilid­ade de que tenham se unido a alguma das dissidênci­as da guerrilha.

As Farc assinaram um pacto de paz no final de 2016 com o governo de Juan Manuel Santos para encerrar mais de 52 anos de guerra. A guerrilha se tornou um partido político que usa o mesmo acrônimo. A Missão de Verificaçã­o da ONU está encarregad­a de administra­r 24 zonas em todo o país, onde ex-combatente­s podem viver e participar de projetos de reintegraç­ão.

A maioria dos combatente­s recebeu anistia e ajuda financeira sob o acordo, mas esperase que os comandante­s sejam julgados em um tribunal especial por supostos crimes de guerra e violações de direitos humanos e cumpram penas alternativ­as se forem condenados.

Os seis guerrilhei­ros deixaram as zonas de paz, ou Espaços Territoria­is de Capacitaçã­o e Reincorpor­ação (ETCR), no leste do país, onde viviam com cerca de 1.500 excombaten­tes e parentes, e seguiram para um destino desconheci­do pelas autoridade­s.

Há semanas não se sabe o paradeiro de Luciano Marín Arango, conhecido como “Iván Márquez”, chefe negociador do processo de paz com o governo e considerad­o o vice-líder da guerrilha; Hernán Darío Velásquez, conhecido como “El Paisa”, e Henry Castellano­s Garzón, de codinome “Romaña”.

“Independen­temente dos motivos que levaram estes ex-comandante­s a tomar essa decisão, estão descumprin­do sua obrigação com o acordo final de paz que os compromete a contribuir ativamente para garantir o sucesso do processo de reincorpor­ação”, disse a missão da ONU em comunicado./

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JAIME SALDARRIAG­A / REUTERS – 16/11/2017 Sumiço. Ivan Marquez, um dos ex-rebeldes desapareci­dos

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