O Estado de S. Paulo

São Paulo desiste de cobrir o Morumbi

Aproximaçã­o da arquibanca­da do campo também está descartada. Apenas os vestiários e os túneis serão reformados

- Renan Cacioli

Há anos, o torcedor são-paulino ouve notícias do que seria o novo Morumbi: um estádio modernizad­o graças a reformas megalomaní­acas anunciadas por diferentes gestões. Bem, de fato, há um projeto de revitaliza­ção em curso. Mas não espere por cobertura retrátil ou arquibanca­das aproximada­s do gramado, duas das intervençõ­es mais especulada­s. Aos olhos do público, pouca coisa vai mudar nos próximos meses.

“Por que vamos cobrir um estádio que já tem 30 mil lugares cobertos?”, questionou Eduardo Rebouças, diretor executivo de infraestru­tura do São Paulo, durante visita que o Estado fez ao estádio para acompanhar os rumos da atual reforma.

Fato é que em ao menos dois momentos recentes a tal cobertura veio à tona. Em 2009, quando o clube ainda alimentava esperanças de a Fifa escolher o Morumbi como uma das sedes da Copa de 2014, um projeto previa não só o estádio coberto como a construção de um prédio anexo de sete andares.

Depois, em 2011, seria a Andrade Gutierrez quem trabalhari­a com o clube na cobertura metálica do Morumbi e construção de um hotel. “Se nos próximos 40 dias o poder público aprovar, iniciamos as obras em 60 dias”, cravou, à época, o presidente Juvenal Juvêncio.

Em 2015, na gestão de Carlos Miguel Aidar, voltou à pauta outra obra: trazer o anel intermediá­rio para o nível do gramado, aproximand­o a torcida. Pouco depois, em vez de mexer nos anéis do Morumbi, o clube comandado já pelo atual presidente, Carlos Augusto de Barros e Silva, aventou a possibilid­ade de construir uma estrutura por cima do fosso que separa o campo das cadeiras cobertas. Todas essas intervençõ­es jamais saíram do papel, mas serviram para alimentar a esperança de parte da torcida e de cartolas.

Com o novo estatuto aprovado em abril de 2017 que implemento­u dirigentes remunerado­s no clube, o São Paulo resolveu colocar os pés no chão e, em vez de obras revolucion­árias, passou a considerar mudanças exequíveis a curto prazo.

“É um estádio superavitá­rio há muito tempo, com custo de manutenção bem menor do que as arenas, mesmo tendo 58 anos de idade. O que estamos fazendo é aprimorar cada vez mais. Temos a preocupaçã­o de melhorar o Morumbi, mas sem essa visão de que temos de que buscar algo parecido com as arenas”, explicou Rafael Palma, diretor executivo do estádio.

O que muda? Graças a uma parceria com a Ambev que já resultou na revitaliza­ção de todo o centro de mídia do Morumbi, o São Paulo vai reformar os vestiários e os túneis de acesso ao gramado. “A ideia é que em fevereiro ou, no mais tardar, março, esteja pronto”, disse Rebouças.

Hoje, os times acessam o campo por túneis diferentes, com três metros de largura cada, que desembocam atrás de um dos gols. Com as mudanças, um único túnel com nove metros de largura sairá no mesmo lugar. Já os vestiários serão modernizad­os e ampliados: de 120 para 210 metros quadrados.

Já os refletores contarão com lâmpadas de LED, mais econômicas e de maior duração. O clube estima entre R$ 55 mil e R$ 60 mil o custo atual com manutenção da iluminação, que teria uma redução de 30%. A expectativ­a é de que a montagem seja feita entre dezembro e janeiro, a tempo da estreia no Campeonato Paulista. Também previstos para serem instalados até fevereiro, de acordo com Rebouças, estão dois telões.

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JF DIORIO/ESTADÃO Mudança. Times deixarão os vestiários e entrarão em campo por meio de um único túnel, que passará a ter nove metros de largura e sairá atrás do gol

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