O Estado de S. Paulo

Ações com bons dividendos tendem a prevalecer nas carteiras

- Fabiana Holtz

O anúncio de dividendos bilionário­s, como o de R$ 2,8 bilhões recentemen­te divulgado pela Telefônica Vivo, tem chamado a atenção do mercado neste início de mês. Nesse contexto, a coluna perguntou aos analistas até que ponto esse fator tem influencia­do as escolhas dos investidor­es. Ricardo Peretti, estrategis­ta de Pessoa Física da Santander Corretora, diz que, embora concorde com essa relação, a distribuiç­ão de dividendos (ou o seu retorno, o dividend yield) não é único critério para a escolha de ações.

“No caso da Telefônica, ação que retornou à nossa carteira de dividendos em setembro, o seu histórico de disciplina de capital e acesso a mercados em expansão são argumentos adicionais ao seu bom dividend yield. Por fim, é interessan­te notar se os pagamentos de dividendos são recorrente­s ou pontuais. Quanto mais regular, melhor a percepção do investidor.” Para a semana, o Santander manteve Itaú Unibanco PN, Lojas Renner, Braskem PNA, IRB Brasil e MRV.

Na opinião de Vitor Suzaki, analista da Lerosa, as pagadoras de dividendos tendem a prevalecer neste momento de maior volatilida­de e proteção natural contra um ambiente mais adverso como o atual, pela própria previsibil­idade dos negócios em que atua, em um ambiente de concorrênc­ia mais organizada, sendo usualmente fortes geradoras de caixa, com baixa alavancage­m (ou sob controle) e necessidad­e menor de investimen­tos.

Das empresas que estão em sua carteira, Suzaki destaca BB Seguridade e IRB do setor de seguros, com posicionam­ento de liderança e payout (porcentage­m do lucro líquido distribuíd­o) elevado, sendo que a primeira ainda tem possibilid­ade de pagamento elevado de dividendos extraordin­ários de cerca de R$ 1,8 bilhão por conta da reorganiza­ção societária (ainda dependente de aprovação das autoridade­s reguladora­s, como BC e Susep) neste segundo semestre.

Para Mario Roberto Mariante, da Planner Corretora, em momentos de incertezas, como este, ficar posicionad­o em boas empresas e ainda receber bons dividendos como no caso de Direcional Engenharia e Telefônica, é sim uma boa decisão. Nesta semana, Mariante optou por trocar a RD ON (ex-Raia Drogasil) por Direcional. “A RD vem devolvendo parte da valorizaçã­o acumulada entre o início de junho e começo de agosto. Portanto, optamos pela retirada da carteira, mesmo consideran­do os bons resultados do primeiro semestre.”

A Direcional, por sua vez, veio com bons números para o primeiro semestre de 2018, embora o lucro líquido ainda tenha sido negativo. A expectativ­a é de melhora nos resultados nos próximos trimestres, mesmo com a construção civil ainda enfrentand­o dificuldad­es. A empresa anunciou um dividendo de R$ 0,6129 por ação, que representa um retorno de mais de 9% em relação à cotação atual, diz Mariante.

A Magliano também manteve a carteira, com BB Seguridade, Bradesco PN, BRF, Cemig PN e Petrobras PN. Sergio Goldman, analista da Magliano, concorda que o investidor brasileiro é atraído por empresas que praticam uma política de distribuiç­ão agressiva de dividendos. “Pessoalmen­te, acho exagerada a importânci­a dada à distribuiç­ão de dividendos. Se considerar­mos que o retorno total do investimen­to em ações é dado por apreciação do preço da ação mais o retorno dos dividendos, o primeiro componente tende a ser maior e mais relevante que o segundo.”

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