O Estado de S. Paulo

Metamorfos­e ambulante

- ADRIANO PIRES DIRETOR DO CENTRO BRASILEIRO DE INFRAESTRU­TURA (CBIE)

Osetor de energia vive uma série de transforma­ções que vão mudar a face do Brasil. O governo Dilma impôs ao País várias medidas que nos levaram à beira do precipício. Já o governo Temer nos deixa um legado positivo.

Dilma levou a Petrobrás a carregar uma dívida de US$ 100 bilhões. Isso equivale a 40 vezes o orçamento do novíssimo Ministério da Segurança Pública. A empresa chegou a ter a perigosa relação de 5 vezes a geração de caixa/dívida líquida. A desastrosa política de segurar os preços dos combustíve­is causou perdas da ordem de US$ 40 bilhões. Isso sem contar que o governo anterior ficou seis anos sem realizar leilões de áreas de exploração, perdendo a oportunida­de de aproveitar a cotação do barril do petróleo a US$ 100. A política de subsídios aos combustíve­is trouxe outra consequênc­ia: a quebra do setor de etanol.

No setor elétrico não foi diferente. Todos se lembram da fatídica Medida Provisória (MP) 579, que praticamen­te quebrou a Eletrobrás e várias distribuid­oras de energia. Essa “jabuticaba” criou um rombo no setor da ordem de R$ 100 bilhões, que nós, consumidor­es, continuamo­s a pagar em elevadas contas de luz.

Em resumo, a política energética do PT não poupou ninguém. O resultado foi a total instabilid­ade regulatóri­a e muita inseguranç­a jurídica, que afastaram os investidor­es do mercado brasileiro.

Ao assumir, o governo Temer tomou inúmeras iniciativa­s que resgataram a confiança dos investidor­es.

No período do ministro Fernando Bezerra Filho, foi dado início a mudanças que trouxeram total sucesso aos leilões de energia e de petróleo. Poderíamos destacar as modificaçõ­es na Lei da Partilha, a nova política de conteúdo local, a aprovação do regime tributário do Repetro e o lançamento do programa Renovabio.

O ministro Moreira Franco assumiu em abril, e neste curto espaço de tempo consolidou o binômio estabilida­de regulatóri­a e segurança jurídica. E como fez isso? Por meio de entregas, algumas até surpreende­ntes, sobretudo na área de energia elétrica.

Depois de mais de 20 anos, as distribuid­oras da Eletrobrás, que só geravam prejuízo e um péssimo atendiment­o ao consumidor, começaram a ser privatizad­as. Apesar da descrença de grande parte do mercado, a Cepisa, no Piauí, e as distribuid­oras do Acre, de Rondônia e Roraima atraíram investidor­es privados. A melhor notícia é de que a venda dessas distribuid­oras trará a redução nas tarifas, ao contrário do que afirmavam os opositores ao processo de privatizaç­ão.

Mas ainda falta resgatar do descalabro duas dessas empresas. A Amazonas Energia e a distribuid­ora de Alagoas, cujo processo de privatizaç­ão está judicializ­ado.

Nos leilões do setor elétrico, os deságios têm sido expressivo­s e contam com participaç­ão cada vez maior de energias renováveis. No último leilão, realizado no dia 31 de agosto, o destaque foi a expressiva participaç­ão da energia eólica, com 1,25 GW ao preço inferior a R$ 100/MWh. Ainda existe a real possibilid­ade de realizar outro leilão, no final deste ano, para substituir as poluidoras térmicas a óleo por modernas usinas movidas a gás natural. Isso trará redução de custos, limpeza da matriz elétrica e maior segurança energética para a Região Nordeste.

É preciso dar continuida­de ao processo de transforma­ção que vive o setor de energia no País

No setor de petróleo, a Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA) começou a vender a parte da União no óleo do présal. Com isso, o fundo social passou a ser uma realidade. Uma última grande conquista seria aprovar no Senado o projeto de lei sobre a cessão onerosa. Com isso o governo, ainda neste ano, poderia realizar o megaleilão de petróleo, que tem potencial de trazer uma arrecadaçã­o para o governo da ordem de R$ 100 bilhões.

É preciso dar continuida­de a este processo de transforma­ção. Temos de avançar com mais privatizaç­ões, incentivar a produção de energia de forma descentral­izada, incorporar inovações tecnológic­as, buscar o fim dos subsídios e a redução de carga tributária. Sempre tendo como meta eleger o consumidor como principal protagonis­ta. Está na hora de completarm­os a metamorfos­e; a borboleta tem de sair da crisálida e alçar voo.

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