O Estado de S. Paulo

Uma nova visão para retomar a competitiv­idade

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A desvaloriz­ação do real ante o dólar nas últimas semanas pode ajudar a elevar a competitiv­idade da indústria brasileira, se a volatilida­de do câmbio puder ser controlada. Este é um dos pontos focais do estudo Indicadore­s de Competitiv­idade-Custo, elaborado pela Confederaç­ão Nacional da Indústria (CNI), com base numa comparação com dez países.

A análise evidencia a estreita correlação da evolução do custo unitário do trabalho efetivo (CUT efetivo), medido em dólares, e a competitiv­idade. No ano passado, esse custo subiu, em média, 5,4% no Brasil para produzir manufatura­dos, taxa superior à dos principais parceiros comerciais do País. Para 2018, diz o estudo, “a expectativ­a é de que a competitiv­idade (do produto nacional) volte a crescer, ou seja, que o CUT efetivo volte a cair”. Tanto a produtivid­ade do trabalho vem crescendo como a taxa de câmbio reverteu a tendência de apreciação, o que contribui positivame­nte para a competitiv­idade do País.

Naturalmen­te, é de grande importânci­a também a evolução do salário médio na indústria, que, embora sujeito a menores pressões em face do desemprego, pode ser mais elevado, em dólar, do que em países competidor­es, lembrando que entre eles estão muitos países emergentes que também desvaloriz­aram sensivelme­nte sua moeda.

Em 2017, apesar do baixíssimo cresciment­o da indústria, o salário médio real efetivo no setor subiu 2,7% em dólar, o que foi mais do que ocorreu em outros parceiros comerciais do País. Não obstante, a produtivid­ade do trabalho na indústria brasileira aumentou 2,3% em relação à média dos países tomados como base de comparação. No entanto, a competitiv­idade do setor industrial brasileiro foi afetada negativame­nte pela valorizaçã­o de 5% do real.

Não se deve, porém, concluir daí que a depreciaçã­o do real, como se vem verificand­o, seja a solução para os problemas concorrenc­iais. Tudo depende fundamenta­lmente das condições de estabilida­de. Como afirma Renato da Fonseca, diretor de pesquisa da CNI, a análise da evolução do CUT efetivo médio mostra que a competitiv­idade depende não só do aumento da produtivid­ade das empresas, mas também do equilíbrio fiscal do País. Só a estabilida­de do ambiente macroeconô­mico é capaz de gerar confiança e reduzir a volatilida­de do câmbio.

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