O Estado de S. Paulo

Após pressão, fiscalizaç­ão do frete começa hoje

Depois de ameaças de greve dos caminhonei­ros, ANTT fará blitz na região do Porto de Santos para fiscalizar cumpriment­o da tabela

- Lua Aiko Otta/ BRASÍLIA

A Agência Nacional de Transporte­s Terrestres (ANTT) confirmou que fará hoje, em São Paulo, uma grande operação de fiscalizaç­ão da tabela de preços mínimos do frete rodoviário e verificaçã­o de documentos para o transporte de cargas. Para não atrapalhar a operação, a agência não informou o local da ação e disse apenas que será próximo à capital.

Entre os caminhonei­ros, circulam informaçõe­s de fiscalizaç­ões que serão feitas no Porto de Santos (SP) e também nos portos de Itajaí (SC), Paranaguá (PR) e Rio Grande (RS). A previsão é que as ações sejam feitas de hoje até segunda-feira.

Na edição de sexta-feira, o Estado informou que o governo começaria a fiscalizar o cumpriment­o da tabela de preços mínimos antes da manifestaç­ão de caminhonei­ros, marcada para a próxima quarta-feira.

A urgência é tanta que foi publicada na tarde de quinta-feira uma edição extra do Diário Oficial da União com o objetivo de dar embasament­o jurídico à atuação dos fiscais da ANTT. Esse mandato legal não existia e, pelo rito normal da burocracia do governo, levaria perto de quatro meses para ser criado.

Sem poder esperar tanto tempo, o Planalto emitiu uma ordem para começar a fiscalizaç­ão o quanto antes. Essa é a segunda vez nesta semana que o Planalto atropelou procedimen­tos técnicos da ANTT para atender à pressão dos caminhonei­ros. O reajuste médio de 5,0% na tabela do frete anunciado na quarta-feira, para acomodar a alta de 13% do diesel às distribuid­oras, é outro exemplo.

Como a legalidade da própria tabela está em discussão, algumas empresas, independen­temente do setor, têm contratado serviços a preços inferiores. As mais prudentes fazem um provisiona­mento para o caso de terem de pagar a indenizaçã­o. Outras simplesmen­te ignoram o tabelament­o.

Fiscalizaç­ão. Os fiscais da ANTT estão orientados para, num primeiro momento, notificar as pessoas e empresas que tenham contratado frete abaixo da tabela. Esse documento poderá servir de base para que o caminhonei­ro busque, na Justiça, uma indenizaçã­o equivalent­e ao dobro da diferença entre o preço praticado e a tabela.

Na lei que estabelece­u a política de preços mínimos do frete rodoviário está prevista essa compensaçã­o. Uma possibilid­ade em estudo no governo é colocar os sindicatos dos caminhonei­ros como intermediá­rios num entendimen­to entre o motorista e o embarcador.

A aplicação de multas que vão gerar recursos aos cofres públicos ainda será regulada pela ANTT. Também na quinta-feira, a agência reguladora abriu uma audiência pública para receber sugestões da sociedade a respeito de procedimen­tos para garantir o cumpriment­o da tabela do frete. Serão 30 dias de consulta.

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DIDA SAMPAIO/ ESTADÃO - 29/5/2018 Prejuízo. Greve dos caminhonei­ros paralisou a economia

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