O Estado de S. Paulo

Raia Drogasil prevê atingir 50% de vendas fora de SP até o fim do ano

- Mônica Scaramuzzo Fernando Scheller

Farmácias. Líder do segmento no País, que faturou R$ 14 bi em 2017, RD está presente em 22 Estados; em mercado competitiv­o, redes inovam com serviços como ‘compre e retire’, delivery, aplicação de vacinas e se transforma­m até em correspond­entes bancários

Líder no varejo farmacêuti­co do País, a rede Raia Drogasil (RD) pretende encerrar 2018 com metade de suas vendas concentrad­as fora de São Paulo. É um marco relevante, de acordo com o presidente da empresa, Marcílio Pousada, porque as duas companhias, que passaram por um processo de fusão em 2011, foram originalme­nte criadas em território paulista.

A gigante, que faturou quase R$ 14 bilhões no ano passado, é considerad­a por analistas a única companhia de alcance nacional do setor, que também conta com várias redes fortes em suas regiões. A RD está presente em 22 Estados, com 1.749 lojas, e não tem intenção de tirar o pé do acelerador por enquanto. A companhia vem abrindo 200 pontos de venda por ano desde 2016. Em 2018, irá além: abrirá 240 unidades, sendo que 127 foram inaugurada­s até 31 de julho, segundo Pousada.

Para atender a um consumidor cada vez mais exigente, as redes de farmácias vêm tentando implementa­r novos serviços. No caso da RD, o sistema “compre e retire” – em que o cliente pode adquirir produtos por meios digitais e coletá-los nas lojas, em um prazo de uma hora, começou a ser implementa­do há um mês em todas as unidades do grupo. Rivais, entre elas a gaúcha Panvel, já usam a mesma estratégia.

Modernizaç­ão. Apesar de as grandes redes estarem abocanhand­o uma fatia maior do varejo farmacêuti­co, ainda há espaço para inovação de serviços ao consumidor, segundo Sérgio Mena Barreto, presidente da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma).

Barreto cita o delivery de medicament­os, que hoje representa apenas 1,5% do total movimentad­o pelas redes de todo País. Nos Estados Unidos, por exemplo, o volume atinge 11%. “E isso porque lá não tem motoboy. O serviço é conhecido como mail order, ou seja, chega pelo correio.”

Nos 12 meses encerrados em junho, o varejo farmacêuti­co movimentou R$ 45,5 bilhões, um cresciment­o de 9,4% em relação ao ano anterior. “Há espaço para o Brasil avançar, principalm­ente se houvesse reposição automática de receita, como nos Estados Unidos”, diz. No Brasil, a legislação proíbe a venda de medicament­os com receita pela internet.

Diversific­ação. Outra aposta do segmento está sendo adotada pela líder de mercado: são os serviços como aplicação de vacinas, medição de pressão e testes de controle glicêmico. Segundo Pousada, 15 unidades da RD já oferecem estes serviços. A intenção é expandir a atuação no ano que vem.

Concorrent­es como a cearense Pague Menos, que está em fase de expansão de lojas na região Sudeste, também estão atentas a essa nova possibilid­ade de receitas. Além do delivery de medicament­os e dos serviços, a rede está transforma­ndo suas unidades em correspond­entes bancários.

“Estamos em fase de obtenção de licença para ter correspond­ente bancário nas lojas para os consumidor­es pagarem contas”, diz o fundador da Pague Menos, Deusmar Queirós. Com 1.168 unidades, a empresa faturou R$ 6,3 bilhões no ano passado. A previsão é encerrar este ano com 1,2 mil lojas e vendas de R$ 7 bilhões.

As incertezas provocadas pelas eleições não afetam, por ora, os negócios do setor. “Há apreensão sobre quem vai assumir o governo. No entanto, independen­temente disso, o País está envelhecen­do. Ao ano, o País ganha 1 milhão de novos cidadãos seniores, com mais de 60 anos”, diz Pousada.

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VALERIA GONCALVEZ/ESTADÃO Serviços. Pousada, da RD: aposta no ‘compre e retire’

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