Infláveis
Não existe substituto para mulher. Você pode achar que encontrou uma alternativa satisfatória – a melancia, a numismática, a autoflagelação com espaguete cru – mas está apenas se enganando. Sempre estará faltando alguma coisa. Definição: mulher é o que fica faltando quando a gente acha que não precisa dela.
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Há quem diga que, para uma relação puramente sexual, mão é melhor que mulher. Que a mão do homem combina as vantagens de uma esposa e de uma amante sem qualquer das desvantagens, como ciúmes ou TPM. Mas que variação pode haver no sexo com a sua própria mão? (Por favor, não mandem cartas.) E as bobagens antes e depois do sexo, sem falar naquele cheiro meio doce e úmido que elas têm na nuca e a sua mão não tem?
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Fala-se também em bonecas infláveis, que estariam chegando a um tal grau de realismo que já daria para escolher o cheiro do pescoço. Dizem que, para atender aquele segmento do mercado que quer bonecas infláveis com as quais se possa ter não apenas sexo, mas conversas inteligentes, os japoneses desenvolveram uma boneca que responde. Você fala qualquer coisa, puxa uma cordinha e elas dizem “Sim”. Mas você não pode levar bonecas infláveis a bons restaurantes e esperar que elas saibam se comportar. Ou usá-las em qualquer proposta séria de troca de casais, a não ser que as outras também sejam infláveis.
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Nada substitui mulher. Nenhuma categoria humana é tão inteligente. E tão graciosa, não importa o que digam dos travestis tailandeses. A reprodução da espécie seria impossível sem as mulheres – e não se pode dizer o mesmo dos homens, pois já estão fazendo fecundação sem cromossomos. E pense nisso: existem mulheres infláveis porque elas não se resumem nos seus orifícios, pois para isso até hortifrutigranjeiros servem. Alguém tem notícia de homem inflável?
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Só existem falos artificiais, o resto é supérfluo. O boneco do homem, para as mulheres, é o seu pênis, sem aquela massa confusa, iludida e dispensável na outra ponta. Já a mulher, para o homem, é a sua genitália e suas circunstâncias. Mesmo artificial, precisamos da mulher inteira, do conjunto, de um simulacro da sua companhia, da ilusão da sua presença. E que baste puxar uma cordinha para elas dizerem “sim”.