A moderação do debate é um bom indicador para uma campanha em que o enfrentamento subia o tom.
No primeiro debate sem o candidato do PT e Bolsonaro, e à luz do atentado contra o presidenciável, a moderação do confronto político foi a marca. Pacificação, conciliação, oposição ao radicalismo e negação do “nós contra eles” e da violência na política foram mencionadas por todos como essenciais à democracia.
Esse é um bom indicador para uma campanha em que o enfrentamento vinha subindo o tom. Comparado com os debates anteriores, os candidatos foram mais propositivos e centrados em temas de interesse do eleitor, como saúde, educação, segurança, emprego e corrupção. Desse modo, cumpriu melhor a função de esclarecer os eleitores sobre propostas de governo.
Mas, não sendo razoável criticar Bolsonaro no momento, o PT foi o mais citado como responsável pelo desemprego e pela corrupção. Alckmin buscou ocupar esse espaço que Bolsonaro tem simbolizado melhor, mas sem a contundência que precisa para angariar votos do candidato do PSL. Sua narrativa de candidato da união nacional, reformas e estabilidade contra os extremos segue tendo pouco apelo eleitoral.
Ciro Gomes foi mais propositivo sobre dois temas centrais: educação e saúde; além de responsabilizar Alckmin pelo problema da segurança e o combate ao crime organizado. Debateu com Marina e o tucano e foi mais didático que ambos. Sua estratégia de dialogar com os eleitores lulistas e os indecisos foi mais eficaz do que as inserções pouco contundentes de Marina, já que ambos disputam votos desses dois segmentos na briga pelo segundo turno. Se há um vencedor nesse debate da moderação, esse foi o candidato do PDT.
Fica uma questão: o debate foi menos polarizado em respeito a Bolsonaro ou será que sua ausência é responsável pela moderação? Precisaremos esperar o próximo encontro para conferir se essa inflexão veio para ficar, o que seria muito bom para a qualidade do debate na campanha em que s eleitor ainda se mostra muito reticente.