Comunicação de pacientes com cubanos é boa
Criado em 2013, para tentar driblar a falta de médicos na atenção básica, sobretudo em áreas mais distantes, o Mais Médicos ganhou rapidamente apoio da população e, sobretudo, de prefeitos – que passaram até a defender a ampliação de postos. Isso porque a iniciativa, além de trazer uma melhora no atendimento, ajudou a reduzir custo de prefeituras – as bolsas dos médicos integrantes do programa são financiadas pelo Ministério da Saúde.
A boa aceitação, no entanto, não foi consenso. Logo no início do programa, entidades de classe questionavam a iniciativa, a qualificação de profissionais estrangeiros recrutados para participar do programa e, sobretudo, as dificuldades que poderiam surgir na comunicação entre o médico estrangeiro e o paciente.
A auditoria da Controladoria-Geral da União, no entanto, mostrou que esse último receio era infundado. Em uma pesquisa feita com 1.064 pacientes, ficou demonstrado que a comunicação é muito boa. Somente 2% dos pacientes afirmaram que o idioma acabou trazendo prejuízos para o atendimento.
Exemplo. No Brasil desde junho deste ano, o médico cubano Yacer Diaz Fernandez comprova a estatística. À frente da Unidade Básica de Saúde de Brazlândia, cidade a 50 quilômetros de Brasília, desde julho deste ano, Fernandez já mostra desenvoltura para conversar com os pacientes. “Nas primeiras duas semanas, tive o auxílio da equipe”, conta. Durante esse período, a enfermeira Sílvia Menezes esteve ao seu lado em todos os atendimentos. “Mas não era preciso, ele já chegou com um português fácil de ser entendido”, diz ela.
Antes de se mudar para o Brasil, Fernandez fez cursos de português em Cuba, durante o treinamento. Ao chegar em Brasília, durante um curso oferecido pela Opas, a ênfase maior foi com questões ligadas à saúde do País. “Ali a preocupação não era o português.”
Hoje, ele atende entre 25 e 40 pacientes por dia na UBS. “Os problemas maiores são doenças crônicas que fogem do controle, por falta de adesão ao tratamento”, sentencia.
Sílvia não fica mais a seu lado durante os atendimentos feitos no local. “O progresso foi imenso. Pacientes sempre falam devagar. Mas agora nem isso é necessário”, avalia a enfermeira.